Estratégia é capaz de unir todas as pontas e entregar tudo o que os consumidores precisam de forma rápida e eficaz
Autor: Rafael Sant’Anna
Recentemente, pudemos observar que o clima no varejo global tem passado por altos e baixos, seja pelos desafios da cadeia de fornecimentos, pelos custos de aquisição de clientes ou pela famosa inflação, que tanto ameaça os varejistas. Em contrapartida, tivemos uma alta de 1,6% no faturamento do comércio eletrônico brasileiro, chegando a R$ 262 bilhões, em 2022, segundo dados divulgados recentemente pela Nielsen|Ebit.
Apesar do crescimento abaixo da inflação, o valor representa um recorde para o setor, após anos de altas de duplo dígito na pandemia. Mas será que, de fato, os métodos tradicionais de investimento em tecnologia serão rentáveis a longo prazo? Neste ano, tive a oportunidade de participar da NRF, maior e mais influente feira de negócios mundial voltada ao varejo. Muito se falou sobre decisões financeiras e estratégicas críticas que os varejistas podem tomar atualmente para otimizar o ROl (Retorno Sobre Investimento, traduzido do inglês), além de reduzir sua dívida técnica, abrindo-os para o crescimento futuro.
Inclusive, eu diria que a era da rentabilidade é aqui e agora, e, por esse motivo, selecionar os investimentos torna-se ainda mais importante para se posicionar no mercado. Neste sentido, apostar no cross border D2C (Direct to Consumer), que envolve a logística de um produto de um país para outro, lidando com todas as questões regulatórias e de compliance, pode ser uma ótima estratégia para as marcas que desejam investir no setor, além de contribuir para a era da rentabilidade.
O modelo de negócio permite que as empresas e varejistas ampliem a sua oferta de produtos e serviços, por meio dos canais de vendas online, sem a necessidade de aumento de espaço físico em cada país que deseja atuar, uma vez que o cross border D2C oferece a solução necessária para as marcas, com transparência e segurança, realizando todo o compliance para o ecossistema de ponta a ponta.
Na América Latina, o e-commerce realizado por meio do cross border D2C vem ganhando cada vez mais relevância, com destaque para os últimos dois anos, em que as projeções de crescimento médio para os próximos cinco anos são de 44% ao ano, enquanto o e-commerce local é de 21%, representando uma grande oportunidade para os varejistas e marketplace.
De acordo com a análise Global E-commerce Forecast 2022, do eMarketer, em parceria com o PayPal, quase 60% dos consumidores mundiais afirmaram comprar de forma online itens em outros países. A mesma pesquisa pontuou que o comércio online entre países deve movimentar US$ 7,4 trilhões até 2025. Na perspectiva do consumidor latino-americano, as principais razões que o levam a comprar produtos internacionais são disponibilidade, lançamento e acesso a novas marcas. Ou seja, o cross border D2C é capaz de unir todas as pontas e entregar tudo o que os consumidores precisam de forma rápida e eficaz.
Por isso, eu aposto – e muito – que o cross border D2C seguirá crescendo de forma exponencial e se tornará uma forte tendência para o mercado brasileiro. Mas, para isso, é necessário que as marcas e os varejistas compreendam a importância do conceito, além de caminharem para entregar soluções completas para seus consumidores. Tenho certeza que todos os envolvidos sairão ganhando.
Rafael Sant’Anna é CEO e cofundador da retailtech E-Cross.