Autor: Carlos Carlucci
Todos nós sabemos que com o passar dos anos o consumidor ficou mais exigente e muito mais consciente. Meditando sobre essa evolução, parei para fazer uma análise sobre como era o consumismo há algumas décadas atrás. E me surgiu uma dúvida: quem mudou com o passar dos tempos, o mercado ou o cliente?
Em um período pós-guerra, o consumidor da década de 50 não tinha muitos critérios para avaliar os atributos dos produtos que adquiria, sem falar na escassez de ofertas. Nesta ocasião, artigos com preços altos era símbolo de qualidade, além de que os vendedores tinham grande credibilidade em suas sugestões. Já nos anos 60, as marcas começaram a ser valorizadas. Aqui, o consumo era uma forma de mostrar qualidade de vida. Nestas duas décadas, a sociedade aceitava de forma passiva tudo que era oferecido, sem pesquisar ou procurar pela concorrência – que, em muitos casos, não havia.
Só na década de 70 o consumidor começou a se importar realmente com o valor dos produtos. A partir daqui, o cliente começou a avaliar o preço do produto e os seus benefícios reais. Só aqui, as ofertas e variedades de alvitres começaram a existir e a pesquisa pelo menor preço também. O consumidor ficou mais exigente em relação a suas aquisições, não compravam aquilo que lhes eram indicados logo de cara, faziam uma pré-avaliação.
Os anos 80 é o período em que o consumidor está bem consciente do mercado, já tem como comparar preço e pesquisar qualidade do produto. Aqui os descontos já começam a aparecer e ser alvo de interesse do comprador. O consumidor ficou mais criterioso e sabe da necessidade da empresa vender. O orçamento familiar é um dos fatores que essa geração se preocupa antes de sair para as compras.
Nas décadas de 90 e 2000, temos um comprador mais informado, que controla seus gastos e conhece os seus direitos. Busca produtos de qualidade, com menor custo, que atrele o famoso custo/benefício. A marca do produto também influência essa prole, mas o preço é o maior atrativo para a efetivação da compra. Como o consumidor assumiu um papel ativo no mercado, buscam pelos menores preços, produtos com qualidade e que combinem com o seu perfil.
Com essa avaliação, chego à conclusão que antigamente os consumidores estavam presos a poucos canais de televisão e rádio e por receberem apenas informações de grandes veículos eram alvos da comunicação massiva das maiores marcas, seguiam apenas o padrão da maioria.
Já a nova geração de consumidores tem infinitas opções de entretenimento, seleciona o que quer assistir, ouvir ou ler, tem maior conhecimento e entendimento sobre a publicidade dos produtos, tem fácil acesso a pesquisas através da internet e, ainda, variedade de lojas para consultar os preços. O mundo on-line tornou-se essencial para essa década que vislumbra cada vez mais adquirir produtos com preços baixos.
De acordo com pesquisas realizadas pela empresa GFK, existem oito principais fatores que influenciam os consumidores na decisão de compra: 78% experiência prévia com a marca/varejo; 70% amostras/demonstração dos produtos; 66% informações nas prateleiras; 64% sites de compras gerais; 63% sites de opiniões do consumidor; 63% comparação de preço; 59% site da marca e 57% opinião de conhecidos.
A maior mudança que ocorre com o nosso consumidor hoje está ligada ao volume de informações disponíveis, que vão desde a internet e televisão ao tradicional “boca a boca”. Em resposta a pergunta que fiz no início do texto, digo que acredito que o consumidor e o mercado foram mudando simultaneamente. Se o mercado oferece mais produtos, preços e lojas, nada mais justo que o consumidor ficar mais crítico e avaliar qual é a melhor opção para ele e para o seu bolso.
Carlos Carlucci, country manager da Vocalcom Brasil