Recuo no crescimento das MPEs


Em novembro de 2005, as micro e pequenas empresas paulistas (MPEs) registraram queda de faturamento real de 5,7% em relação ao mesmo período de 2004, interrompendo a trajetória de crescimento iniciada em maio. Em relação a outubro de 2005, o recuo do faturamento real foi de 6,5%. Em valores estimados, a queda representa perda de receita na ordem de R$ 1,2 bilhão (novembro/05 x novembro/04) e de R$ 1,4 bilhão (na comparação de novembro/05 x outubro/05). O faturamento médio dessas empresas, em novembro/05, foi de R$ 14,9 mil (contra R$ 15,8 mil em novembro/04).

Mesmo com a queda de faturamento, os pequenos negócios continuam cumprindo seu papel de colchão social: em 12 meses (novembro/05 x novembro/04) foram criados 100 mil novos postos de trabalho. Estima-se que em novembro/05, cerca de 5,85 milhões de pessoas trabalhavam nas 1,3 milhão de MPEs. Estes são os principais destaques dos Indicadores Sebrae-SP – Pesquisa de Conjuntura, levantamento mensal realizado com a colaboração da Fundação Seade, junto a 2,7 mil micro e pequenas paulistas, da indústria da transformação, comércio e serviços, e que mede os níveis de faturamento real, pessoal ocupado e gastos com salários.

Os dados revelam que a desaceleração da economia chegou aos pequenos empreendimentos. Esses resultados estão ligados ao desempenho da economia brasileira como um todo. Com a queda na atividade econômica as grandes empresas compram menos insumos e componentes e deixam de contratar. Com certa defasagem no tempo, esse movimento atinge os pequenos negócios, que muitas vezes, fornecem para as grandes empresas. “Além disso, não podemos esquecer que os trabalhadores das grandes empresas adquirem bens e serviços nas micro e pequenas empresas de comércio e serviços”, lembra Pedro João Gonçalves, economista da assessoria de Pesquisas Econômicas do Sebrae-SP.

Outro fator que interferiu nos resultados das MPEs em 12 meses foi a base de comparação elevada, uma vez que em novembro/04 o faturamento dessas empresas teve a maior taxa de variação, desde o início da pesquisa, em 1998, para um mês de novembro (+ 8,2%).

Expectativas – Para o diretor superintendente do Sebrae-SP, José Luiz Ricca, os resultados de novembro confirmam a percepção do sinal amarelo piscando. Os fatores que promoveram o crescimento em 2005 estão dando sinais de esgotamento. “Para reverter este quadro e fazer com que o primeiro semestre de 2006 seja positivo para as MPEs precisamos da combinação de vários fatores: controle da inflação e conseqüente recuperação da renda real dos brasileiros, além da queda dos juros básicos nos próximos meses, o que proporcionaria um aumento dos postos de trabalho”, analisa Ricca.

E completa, “as pequenas empresas podem ajudar a construir este cenário de crescimento, uma vez que são as maiores geradoras de postos de trabalho (cerca de 67%). Mas é necessário que tenham neste ano um ambiente propício à realização dos negócios. E isso significa tratamento diferenciado em termos de tributos, crédito e simplificação das normas burocráticas”.

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