Revolução da última milha

Autor: Jhonata Emerick 
No mercado que apresenta um crescimento expressivo a cada ano e já se consolidou em diversos países como um dos mais fortes da economia, pequenos, médios e mesmo gigantes do comércio eletrônico enfrentam o mesmo desafio: a eficiência do processo de entrega da mercadoria, principalmente o da última etapa da cadeia, conhecida como logística de última milha.
Crescendo muito acima da média dos demais segmentos de serviços, o e-commerce registrou, em 2014, evolução de 24% no volume de faturamento em comparação ao ano anterior, acumulando R$ 35,8 bilhões, segundo dados da consultoria E-bit. Mesmo crescendo ano após ano, o e-commerce enfrenta um problema grave de logística: o chamado problema da última milha, quando o produto entra na rota final de entrega, saindo do Centro de Distribuição para a residência do consumidor, por exemplo. Com o custo de até 30% do valor logístico, a última perna da logística tem grande interferência na lucratividade e na eficiência das empresas, sobretudo aquelas que possuem ticket médio baixo.
Uma pesquisa realizada pela ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) mostrou que 81% das empresas de comércio eletrônico ainda utilizam os Correios como forma de transporte – 15% utilizam empresas privadas de transporte e apenas 4% utilizam meios próprios de entrega da mercadoria. Por mais que ainda seja um gargalo persistente, muito já está sendo traçado para diminuir o tempo de trajeto da mercadoria para o seu destino final. E nesse aspecto, a tecnologia não poderia ter outro papel senão o de contribuição.
A empresa multinacional de origem alemã DHL, uma das maiores do segmento de logística e entrega expressa do mundo, possui um programa altamente capacitado de Big Data com o foco na logística de última milha. Os veículos que transportam as cargas são munidos de informações como, por exemplo, condições de tráfego e de clima, que ajudam a definir em tempo real o melhor trajeto a ser percorrido. Esses dados são cruzados com informações adicionais como presença do receptor no local de entrega da encomenda, caso o receptor não esteja no local, a rota é recalculada para a próxima encomenda e assim por diante. O resultado disso é um ganho de eficiência com redução das milhas percorridas e do custo com combustível. Essa solução não é tão acessível por ter um alto custo de implementação e a necessidade de infraestrutura para colher as informações e transformá-las em ações. Porém alternativas acessíveis já estão disponíveis.
A criação de aplicativos mobile ou plataformas web conectam empresas de e-commerce a colaboradores que realizam a entrega do produto no trecho de última milha. Esse serviço sob demanda é muito efetivo para a redução de tempo da entrega da mercadoria e do custo da logística. O controle desses colaboradores pelo uso da tecnologia – no caso o dispositivo móvel – é o que fará a diferença nos próximos anos. O problema da logística de última milha persiste há tempos para as empresas que atuam diretamente com vendas e entrega de produtos. As soluções para apresentar eficiência nesse processo, porém, estão surgindo. Aqueles que conseguirem atender essa demanda do mercado de forma simples e eficiente abocanharão uma fatia carente e expressiva do setor, iniciando uma revolução na cadeia logística.
Jhonata Emerick é CEO e fundador da 99motos.

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