O consumidor brasileiro mudou as prioridades na hora de fazer as compras em 2005, revela um levantamento realizado pela ACNielsen. Das oito cestas de produtos analisadas, compostas por 159 categorias comercializadas em canais de venda de todo o país, todas apresentaram aumento de vendas no período de janeiro a agosto deste ano, em comparação com igual período de 2004. Perecíveis e bebidas não-alcoólicas foram as que registraram o melhor desempenho, com crescimento de 9,7% e 7,2%, respectivamente, seguidas de mercearia salgada (7%), mercearia doce (4,2%), limpeza (6,1%), higiene pessoal (5,3%) e outras (2,5%). Os canais de vendas pesquisados foram: supermercados, lojas tradicionais (padarias, armazéns e empórios), drogarias e perfumarias, bares e casas noturnas e restaurantes.
De acordo com o gerente de atendimento ao varejo da ACNielsen, Olegário Araújo, o aumento é conseqüência da retração do consumo de alimentos iniciada em 2003. “Dois anos atrás, com a crise econômica e a conseqüente restrição orçamentária, alguns consumidores deixaram de comprar determinados alimentos de sua preferência sem substituí-los, outros diminuíram a quantidade ou passaram a adquirir marcas mais baratas”, afirma.
Ainda segundo Araújo, em 2004, os preços tiveram queda, mas os consumidores continuaram “economizando” e direcionaram as sobras do orçamento para a aquisição de eletroeletrônicos, tanto que as vendas desses produtos aumentaram 20% no período, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroel etrônicos (Eletros). “Em 2005, a situação mudou. Nos oito primeiros meses do ano, as categorias de produtos em crescimento (com variação de volume superior a 1%), analisadas pela pesquisa da ACNielsen, representaram 92% do faturamento total das cestas, contra 54% no ano passado. As marcas com preços mais baixos cresceram 50% no período”, diz.
Outro fator que pode ter contribuído para o crescimento das vendas no mercado é o emprego cada vez maior pelo varejo, em parceria com a indústria, da ferramenta de ECR, gerenciamento por categorias (GC), pois as que foram analisadas na pesquisa são aquelas consistentemente trabalhadas por meio do GC e que colocam o consumidor como principal referência no planejamento da exposição dos produtos. “O gerenciamento por categorias é um dos alavancadores desse crescimento. Se a indústria e o varejo entendem os hábitos e comportamentos dos consumidores, conseguem desenvolver soluções de acordo com cada categoria da loja”, explica o superintendente da Associação ECR Brasil, Claudio Czapski.