Sociedade conectada a todo instante, avanço dos canais digitas – principalmente mobile, maior troca de informações, novas tecnologias, desejo por inovação, crise econômica e maior consciência no consumo. São diversos os fatores que criaram um cenário fértil para o avanço da economia compartilhada. E por mais que essa nova onda ainda tenha ares de tendência, já se pode prever que esse modelo de negócio veio para ficar, tornando-se a forma de consumo do futuro. “Daqui para frente vai ser cada vez mais assim. As novas gerações já nascem com o DNA da economia compartilhada”, aponta Jorge Pacheco, CEO e fundador da Plug
Aliás, esse DNA do novo consumidor é o maior pilar de sustentação para essa economia. Principalmente, entre as gerações mais novas (Y e Z) já não faz mais sentido o consumo desenfreado de antes. Hoje, já é possível ter tudo aquilo que quiser com mais facilidade. Assim, o status de um produto já não tem o mesmo peso. “O ‘viver’ passou a ser mais importante que o ‘ter’. Isso muda os sonhos e as ambições das pessoas”, continua Pacheco. “Através da economia compartilhada temos acesso às coisas hoje e realizamos nossos sonhos agora. Por exemplo, para quê vamos juntar dinheiro ou nos endividarmos para comprar um carro se podemos compartilhar um quando precisarmos? Além disso, não teremos todo incomodo de contratar seguro, pagar IPVA, etc”, questiona.
Como no caso do Airbnb, uma das empresas mais famosas desse segmento, que permite as pessoas vivenciarem como um local, sem a necessidade de possuir uma propriedade. Segundo estudos da empresa, “pessoas que se hospedam pela plataforma tendem a ficar mais na cidade e, muitas vezes, longe dos centros comerciais. Esse movimento fortalece os comércios locais e significa maior renda não só para o anfitrião, mas para as pessoas que moram e trabalham no bairro”, dizem. Ou como acontece com o OLX, que foi por meio do desejo de sustentabilidade dos consumidores, que o negócio encontrou sua oportunidade para prosperar. “A preocupação com a sustentabilidade tem se entendido para além do ambiente. O incentivo à reciclagem e à reutilização de objetos faz com que as pessoas encontrem maneiras de desapegar das coisas, mas sem torná-las inúteis, porque o que não serve para um hoje pode ser ouro para outra pessoa amanhã”, comenta o COO, Marcos Leite.
Já que o consumo, então, não é prioridade, o que interessa para esses clientes é a experiência vivida. “O que fideliza é a experiência e para isso acontecer é necessário quebrar uma barreira cultural. Fornecer conteúdo para mostrar que o compartilhamento é inteligente, resolve problemas e é acessível”, explica Guilherme Nagüeva, responsável pelas estratégias digitais do Fleety, plataforma de carros compartilhados. Fernando Gadotti, um dos fundadores da DogHero, empresa de hospedagem domiciliar de cachorros, acredita ainda que a experiência é a maneira mais garantida de garantir a fidelização do público. Pois será depois de uma boa vivência com a marca, que o consumidor passará a indicá-lo para futuros clientes. “Assim ele sempre volta a nos procurar. Por isso, fazemos entrevistas com todos os anfitriões que são cadastrados na plataforma e isso faz com que tenhamos um controle maior, pois só aceitamos pessoas que realmente amam cachorros”, detalha.
Incomodando muita gente
Se não foi pelo serviço disruptivo, empresas de economia compartilhada chamaram atenção pela polêmica que se envolveram em alguns países, pois alguns setores da sociedade ainda se encontram céticos quanto ao seu uso. Por exemplo, o Uber, que enfrentou inclusive na justiça o direito a seu funcionamento. De acordo com o superintendente financeiro dos SPC Brasil, Flávio Borges, esse é o preço de ser pioneiro no mercado. Esses negócios estão passando pela fase em que todos ainda estão se adaptando a essa nova realidade. Porém, nada impede que o Estado possa criar um regulamento, por exemplo, na questão de tributações. “Na medida em que há uma relação e consumo, não importa se estou me hospedando em algum hotel ou na casa de alguém, ela está acontecendo e está havendo uma relação de renda também. Não adianta inventar uma solução em que ela não seja tributada, com isso o Estado não para em pé”, explica.
Por outro lado, a proibição da existência desses negócios também não é uma opção, pois essa é uma evolução de mercado e social que já aconteceu e não tem mais volta. “O sujeitot em um quarto e se ele quiser alugá-lo, ele pode, ou tem um carro e quer levar outras pessoas. O recurso está posto e seria um grande retrocesso impedir a melhor utilização dele”, aponta. “O problema é que quando isso acontece incomoda o status quo. Incomoda o Estado, porque ele para de arrecadar, as corporações, porque elas têm uma condição posta, um direito adquirido pagando taxas e impostos. Toda mudança e inovação implica uma questão disruptiva e vai incomodar alguém.”
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