Carmela Borst, fundadora e CEO da SoulCode Academy

Tecnologia promovendo educação inclusiva

CEO da SoulCode Academy expõe os caminhos de criação da edtech que atenua o vácuo existente entre vagas e mão-de-obra capacitada

Em meio às consequências de múltiplas facetas trazidas pela acentuada aceleração da transformação digital exigida pela pandemia, um paradoxo chama a atenção. Convivendo com milhões de desempregados, estão as milhares de vagas abertas dentro do mundo da tecnologia e que dificilmente serão preenchidas por falta de mão-de-obra capacitada. Foi justamente visando atenuar esse gap e, consequentemente, realizar um trabalho de impacto social que surgiu a SoulCode Academy. Trabalhando com o modelo ágil que permite reduzir o tempo de formação técnica e comportamental, com inglês básico, a edtech desenvolve profissionais dentro do conceito de diversidade e inclusão, que é pago com bolsas fornecidas pelas organizações contratantes. Ao detalhar de que forma essa união das duas pontas interessadas, favorecendo a sociedade, é desenvolvida, Carmela Borst, fundadora e CEO da SoulCode Academy, participou, hoje (09), da 499ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.

Com mais de 20 anos de trajetória profissional, inclusive ocupando cargos de alta liderança em multinacionais de tecnologia, Carmela afirmou, de início, que uma de suas principais preocupações foi sempre ter a consciência do caráter transitório que é ocupar esse status. Ao mesmo tempo, segundo ela, enquanto se ocupa esse tipo de cargo, não dá para perder de vista que se pode e deve fazer a diferença, inclusive chegando a revolucionar o mercado. No seu caso, ao migrar para a atividade empreendedora, salientou o quanto preserva de mentalidade corporativa, como estabelecimento de métricas e padrões bem definidos, levando para dentro da dinâmica de uma startup. “Como sempre mantive, paralelamente, a atividade de conselheira de entidades voltadas para ocasionar impactos sociais, com a Gerando Falcões, Casa do Zezinho e, atualmente, o Instituto Ser mais, a empresa que ajudei a fundar é, de certa forma, resultado dessa minha bagagem dupla.”

Indagada sobre eventuais barreiras adicionais por ser mulher em áreas predominantemente masculinas,como tecnologia e empreendedorismo, a executiva não titubeou, destacando que o conhecimento joga papel crucial na superação dos obstáculos. “Quando há uma sólida sustentação intelectual, conseguindo passar ao interlocutor, seja este de que gênero for, que entendemos do negócio em discussão, a conversa flui muito mais.”

Já mergulhando no foco gerador da SoulCode, a CEO disse que nasceu da visão em comum de um grupo de inconformados. Todos oriundos do universo da tecnologia onde, perceberam, há um paradoxo chocante: enquanto se registra um número de 13 milhões de desempregados – fora os chamados “invisíveis” -, pesquisas no segmento apontam uma quantidade de aproximadamente 800 mil vagas no setor que dificilmente serão preenchidas por falta de profissionais capacitados.

“Do inconformismo brotou a inquietude de encontrar uma solução que provocasse um encontro entre essas duas realidades, oportunidades em profusão de um lado e capacitação suficiente de outro.”

O primeiro passo estratégico para dar concretude à ideia de uma solução foi, ao deixar a multinacional da qual fazia parte, viajar para conhecer essa realidade no exterior e buscar benchmark. Uma das constatações foi perceber o crescimento, desde 2017, do número de edtechs, provedoras de conteúdo não formal no âmbito da tecnologia. Notou, também, que mesmo existindo em profusão, nenhuma delas seria capaz de suprir as necessidades específicas da realidade brasileira, carente de uma educação básica antes de colocar a mão na massa da programação de softwares. “Ao aproximar as pessoas das oportunidades, proporcionando emprego e desenvolvimento, estaríamos gerando  o impacto social desejado. Mas, só faria sentido se fosse gratuito para o estudante e em um conceito de diversidade que leva a uma efetiva inclusão social e digital.”

Incentivada a dar um resumo desse tour mundial que empreendeu para radiografar o problema e trazer sugestões, Carmela salientou que o drama da escassez de mão-de-obra especializada para dar conta dos avanços tecnológicos é mundial e cresceu diante da aceleração demandada com a pandemia. Depois de traçar algumas comparações entre países e regiões, ela detalhou aspectos relevantes de sua história pessoal que a levaram, desde cedo, a batalhar por atividades que tivessem o propósito de proporcionar diversidade e inclusão e de que forma essa vivência favoreceu na criação da edtech que procura juntar as duas pontas do problema. No caso da SoulCode, o caminho foi o novo conceito de Tech for Good (tecnologia para o bem) , motivado por cinco pilares: educação, saúde, diversidade, longevidade e sustentabilidade. Simplificando, a CEO enxerga que, ao avançar de forma efetiva em educação e diversidade, os demais alicerces são impactados. Sem se esquecer das amplas dificuldades ainda existentes, demandando o surgimento, na sua opinião, de muitas edtechs ainda.

De forma prática, como resultado dessa busca, nasceu a SoulCode, plataforma de educação digital que trabalha com a metodologia ágil. Atendendo à necessidade brasileira de urgência, Carmela assegurou que a edtech oferece, em quatro meses, 800 horas de aprendizado prático em hard skills, soft skills e inglês básico, com projetos, formação de squads, o que, em uma educação formal, levaria de dois a três anos. E tudo no que ela chama de modelo social que é, realizando a captação de pessoas por um funil de diversidade e inclusão, levando mão-de-obra para as empresas que, por sua vez, pagam a próxima bolsa de estudos à startup. “Ou seja, nosso lucro é dividido com a sociedade.” Ela pôde ainda explicar de que forma consegue o comprometimento dos chamados “soulcoders” na resiliência para completar o curso, além dos planos de como a startup conseguirá escalar das 1,5 mil vidas transformadas até agora para chegar a cinco mil e daí em diante.

O vídeo com o bate-papo na íntegra está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 498 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também para se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA terá sequência amanhã (10), com o Sextou especial em comemoração à 500ª live  que trará o tema “Cultura cliente: Benchmark com reconhecimento internacional”, em entrevista com os vencedores do Prêmio Latam 2022, diretamente de Buenos Aires, Argentina. A agenda da próxima semana já tem marcada, para segunda-feira (13), a presença de Flávia Mello, cofundadora do Sororitê. Que abordará o investimento em nova geração de fundadoras de startups; na terça, será a vez de Wilson Rodrigues, diretor geral da FAC-SP; e, na quarta, Renato Camargo, vice-presidente de customer experience da Pague Menos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima