TI e a competitividade das organizações

Hoje há uma ampla consciência entre os especialistas de que a capacidade de absorver Tecnologia da Informação demonstrada por uma sociedade ou organização é indicador seguro da sua competitividade no mercado.
Importante livro de Amar Bhidé, da Universidade de Columbia (“Venturesome Consumption, Innovation and Globalization”), mostra como diferentes sociedades e organizações têm capacidades de absorção de TI distintas. As que apresentam maior capacidade são as que contam com pessoas dispostas a apostar no uso da tecnologia para resolver seus problemas.
Os Estados Unidos, por exemplo, demonstram a maior capacidade dentre todas as sociedades de absorver TI, no que são seguidos de perto pelos “Tigres Asiáticos” – não é por acaso que esses países estão entre as sociedades mais competitivas do mundo.
Que fique claro que a capacidade de absorver TI nada tem a ver com a riqueza da sociedade ou organização. A Índia é um país pobre, mas vem absorvendo TI em ritmo acelerado, durante a última década. Hoje ela já exporta cinco vezes mais softwares e serviços de TI (em valor) do que o Brasil.
Alguns setores do mercado brasileiro – por exemplo, os bancos – têm procurado absorver o que há de mais moderno em TI e colhem frutos. Mas, infelizmente, essa é a exceção em nosso país. A postura mais freqüente das organizações brasileiras é adiar investimentos e continuar usando tecnologias obsoletas, mas que “quebram o galho” – nosso famoso “jeitinho”.
Vejamos um caso concreto: o BPM (“Business Process Management” ou Gerenciamento de Processos de Negócios) é uma tecnologia que permite às organizações lidarem de forma eficiente com seus processos de negócios, especialmente os que fazem uso intensivo de documentos (formulários, etc).
Com o BPM são obtidas: economia da mão-de-obra, mais agilidade operacional e melhoria da qualidade. O BPM engloba tecnologias como workflow, gerenciamento eletrônico de documentos, processamento de formulários eletrônicos e assinatura digital, dentre outras e, com elas, os processos de negócio tornam-se digitais, eliminado quase totalmente o papel. Inúmeros casos em bancos, operadoras de planos de saúde, seguradoras, indústrias e serviços comprovam a vantagem dessa tecnologia.
Estudos recentes, entretanto, mostraram que somente 10% das organizações brasileiras que teriam condições e também necessidade de usar o BPM já o utilizam – contra pelo menos 50% nos países desenvolvidos. Ou seja, 90% dessas organizações continuam com padrão habitual das operações, sem perceber a revolução que ocorre à sua volta.
O tão desejado crescimento do Brasil, sem dúvida, depende de medidas macro-econômicas (como redução de juros e impostos). Mas também depende de muitas organizações saírem da inércia e investirem em tecnologias já disponíveis e testadas. Sem isto, ficará cada vez mais difícil para o Brasil competir nos mercados mundiais.
Vinícius Freire Moura é diretor superintendente da ImagePro.

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