Transformação digital é sobre pessoas

Autor: Wellington Alves
Ser ágil, ter um bom atendimento e oferecer opções digitais são demandas corriqueiras no cenário atual. Se antes as pessoas iam até um laboratório buscar o resultado de um exame de sangue, hoje elas buscam esse mesmo resultado on-line. Se antes iam até uma agência de viagens para escolher o destino das suas próximas férias, hoje elas pesquisam tudo na Internet e só passam na agência para ver se conseguem uma oferta melhor. Até mesmo as empresas que, aparentemente, não trabalham com tecnologia estão cada vez mais dependentes dela. Essa mudança no mercado aconteceu porque os consumidores mudaram. Exigentes e antenados, eles não vêem com bons olhos empresas que ainda não conquistaram seu espaço na era digital.
Hoje o papel da TI vai muito além de manter as luzes acesas. A tecnologia está presente em todos os mercados, o que não faz mais dela um diferencial. O que ela pode oferecer a mais é que realmente irá fazer a diferença. Um caso clássico, e que para alguns pesquisadores serve de marco para o início da Transformação Digital, é o caso Blockbuster x Netflix. Quem imaginaria que uma gigante como a Blockbuster, presente em cada esquina em mais de 90 países, poderia um dia falir? Ela tinha nome, credibilidade, serviço de qualidade, mas pecou na falta de inovação. A Netflix, por outro lado, nasceu como uma pequena empresa que enviava DVDs para a casa do cliente, primeiro com pagamento por filme e depois por um valor mensal. Em 2000, ela chegou a ser oferecida para a Blockbuster, que recusou a oferta. A gigante  não acreditou que as pessoas alugariam filmes sem ter a experiência de ir até a loja, tocar na caixinha, ler a sinopse. Um grande erro. O grande trunfo da Netflix foi perceber que o que as pessoas querem não é o produto físico e sim a facilidade de escolher um filme a qualquer momento e poder se divertir com ele.
A transformação digital exige que CEOs e CIOs entendam qual é a verdadeira razão dos seus negócios. A ideia principal não é vender tecnologia, mas entender tudo o que pode ser melhorado e otimizado através do digital. Por isso é importante destacar que, apesar de precursoras do processo, as empresas de tecnologia não são as únicas afetadas por essa transformação. Todas as empresas precisam ter essa visão e apostar naquilo que podem colocá-las como pioneiras no mercado. Se não, corre-se o risco de ser mais uma Blockbuster: uma gigante que navegava confortável no seu mercado, mas que foi engolida pela transformação digital.
Se antes a equipe de TI era vista muitas vezes como um setor à parte, hoje ela precisa estar integrada em todas as áreas. Da mesma maneira, a própria TI precisa reconhecer o seu papel de protagonista e buscar a inovação. Não é mais possível apenas receber demandas e atendê-las: é preciso desafiar-se diariamente, conhecer as novas tendências, apostar nas novidades e buscar ser o primeiro.
Muitos pensam na transformação digital como um filme de ficção científica que está prestes a acontecer a qualquer momento. Mas essa é uma visão errada. A transformação digital não é futuro: é o presente. Ela já está acontecendo, em diferentes escalas, em empresas de diversos países. Visto como desafiadora pela maioria dos executivos, ela na verdade é nada mais do que aquilo que o mercado sempre fez: oferecer a melhor solução para o problema do cliente. A diferença agora é que não existe apenas um jeito de resolver esse problema, existem milhares. Ganha quem conseguir entender a essência da questão e, a partir dela, conseguir o resultado mais rápido, prático e inovador para o seu cliente.
Segundo pesquisa do Gartner, a previsão para 2017 era de um pequeno aumento no orçamento de TI das empresas, de 2,2%. O estudo, realizado anualmente com 2,6 mil CIOs no mundo, previa US$ 292 bilhões com gastos em TI. Pode parecer muito, mas ainda temos empresas que estão investindo pouco na transformação. O orçamento de TI da América Latina deve crescer apenas 1,7%, contra os 3,5% do ano anterior. Isso mostra que mesmo acreditando que a revolução digital é uma realidade, muitos empresários ainda estão receosos. O excesso de novas possibilidades acaba trazendo mais confusão para quem ainda não captou a essência do seu negócio para o novo consumidor.
Entender a transformação digital é sim dominar a tecnologia, mas é também entender de pessoas. O que o seu mercado está exigindo agora? O que os seus clientes precisam, mas ainda não sabem? Qual facilidade exclusiva você pode oferecer para eles e, assim, diferenciar seu negócio dos concorrentes? Pense nas pessoas, seja inovador e aproveite esse novo momento.
Wellington Alves é head de automação da Indigosoft.

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