Por mais que a tecnologia tenha feito todos – empresas e clientes – saírem de suas caixas a uma velocidade impressionante, ainda existem novidades digitais que estão galgando seu lugar ao sol. As criptomoedas são um caso desses. Criada em 2008, elas se tornaram uma aposta para quem gosta de especular e investir em novas tecnologias. Entretanto, isso também se tornou um problema: enquanto as pessoas não as usarem, o tabu sobre elas vai demorar a ser quebrado. “Entre os desafios, está transformar efetivamente a criptomoeda como meio de pagamento. Hoje ela ainda é mais utilizada como uma reserva de valor. As pessoas compram Bitcoin e guardam como um investimento e isso faz com que elas não usem, por exemplo, para pagar um livro na internet”, comenta Emilia Campos, diretora jurídica da Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain, ABCB.
Apesar de Emilia acreditar que ainda não seja possível falar de um boom sobre essa forma de pagamento, ano passado o setor movimento cerca de R$ 8 milhões (equivalente a 444.430 Bitcoins) e este ano deve alcançar um volume entre R$ 18 e 45 bilhões, segundo a BitValor.
Ela destaca que a vantagem das moedas virtuais é que a pessoa terá um custo de operação menor e direta, sem a intermediação de um banco. A desvantagem é que ainda nem todos os estabelecimentos ainda aceitam esta forma de pagamento. Diante disso, a diretora pontua que é preciso educar a sociedade num todo (empresas e consumidores) sobre estas formas de pagamento, bem como apresentar suas ferramentas. “Algumas empresas estão se preparando, mas não na velocidade ideal. Precisamos difundir mais esse tipo de pagamento e suas facilidades pra que cada vez mais empresas possam adotar”, ela deixa como dica.
Emilia destaca ainda que, em breve, outras moedas deverão surgir, além do Bitcoin, para facilitar sua utilização como meio de pagamento, não apenas investimento. “Até porque, um dos benefícios é ter cada vez mais opções e possibilidades de pagamento sem que haja empresas intermediando esta relação”, apresenta. Inclusive, a criação recente da Associação vem com o objetivo de promover um melhor diálogo com o poder público, de forma que tanto o mercado quanto a sociedade se beneficiem do desenvolvimento tecnológico e inovação que as criptomoedas e o blockchain trazem.