Carolina Morandini

Um mundo novo também para as startups

Pesquisa global realizada pelo grupo Telefônica junto às startups que fazem parte da sua área de investimentos em novos negócios, na Europa e América Latina, mostraram oportunidades em plena crise. Além disso, algumas tendências já despontam e se consolidarão no mundo novo que surgirá no pós-pandemia. Esse quadro, com reflexões sobre a sondagem internacional, foi delineado na conversa ao vivo com Carolina Morandini, head de portfólio e startup scout da Wayra – hub de inovação aberta do grupo Telefónica -, hoje (30), na 24ª live da série de entrevistas dos portais ClienteSA e Callcenter.inf.br.

Enfocando inicialmente o momento dos transtornos trazidos pelo novo coronavírus, a executiva contou que, mesmo antes da quarentena, já veio, da matriz na Espanha recomendações para que se testasse o home office. O que acabou se tornando a realidade desde 13 de março. “A equipe está toda em casa, mas fazendo cafés da manhã virtuais, reuniões de todo o time para manter as atividades em dia. Nossa característica de ser humano é se adaptar rapidamente quando isso é inevitável. A conectividade nos permite comunicar normalmente, mesmo sem substituir à altura o contato presencial. Já sabemos que a única certeza desta vida é mesmo a mudança.”

No Brasil, a Wayra já investiu em 77 startups e, destas, mantém 35 em portfólio. Ou seja, mais da metade ativa. Umas sofreram solução de continuidade e outras foram vendidas. Entre essas, a executiva mencionou um caso de startup cuja venda rendeu aos investidores 40 vezes mais do que o recurso aplicado. De acordo com Carolina, a vantagem desse tipo de empresa é que, por serem enxutas, se movimentam com agilidade e tomam decisões rápidas. “A totalidade desse portfólio está em home office e todas recebem nossas orientações para sobreviverem na crise. Eles mesmos desenharam seus planos de contingência tais como cuidar do caixa e atuar junto a indústrias menos afetadas pelo lockdown. Temos startups de 4 ou 5 funcionários até 450.”

Ao ser indagada sobre as empresas do portfólio que estão não só enfrentando, mas até se beneficiando com a crise, a executiva citou, por exemplo, o caso da Netsupport, que fornece serviços às empresas com pouca estrutura de TI. Um dos fatores positivos é que passou a ser chamada para instalar estruturas de home office, oportunidade que deverá se manter posteriormente. “Temos também o exemplo da Gupy”, complementou, “empresa de recrutamento que está atendendo muitos hospitais com emergências de contratações”. E, além de  um dos negócios que estaria “bombando” no segmento de telemedicina, Carolina detalhou também o momento positivo da Netshow.me, na área de streaming on-line, que se viu forçada até a contratar mais colaboradores para atender à demanda. “O mesmo ocorre com nossas empresas de jogos on-line”, arrematou.

ESTUDO GLOBAL

Presente com sua matriz na Espanha, e filiais na Inglaterra, Alemanha, Brasil, México, Argentina e Colômbia, o hub de inovação investiu até o momento em 900 empresas e mantendo mais da metade delas em portfólio. Com a crise, surgiu a ideia de realizar uma pesquisa para radiografar o posicionamento de cada uma. “Enviamos um questionário para avaliar como se comportariam no lockdown. Mais da metade responderam: 74% disseram que a crise está impactando negativamente, enquanto, 26% estão colhendo novas oportunidades de sobreviver e crescer. E como as áreas de educação e medicina, que enfrentavam dificuldade de ir para o digital, agora estão sendo obrigadas a migrarem, 57% das startups olham com otimismo o futuro. “Mas consideramos alto o número de 34% que responderem estar muito preocupados com as perspectivas próximas.” Ainda segundo os dados revelados por Carolina, 85% afirmaram que foi rápido e sem problemas se adaptar ao modelo do teletrabalho. Quanto aos aspectos de maior preocupação, 43% temem a diminuição da atividade, 17% receiam a suspensão de pagamentos e 12% estão apreensivos diante de uma eventual perda de clientes.

Quantos aos setores mais beneficiados na transição e para o futuro, com foco nas starutps, estão educação, fintechs, telemedicina, teleworking, cibersegurança, utilização de serviços em nuvem, geolocalização, telecomunicações, robótica, automação industrial, logística em geral e e-commerce. “Muitos desses segmentos”, entende a executiva, “favorecerão negócios porque a crise fez com que preconceitos e desinformações fossem superados.” No outro extremo estão os negócios ligados a viagens, entretenimento e restaurantes, afetados negativamente. “Como toda crise, você tem problemas e oportunidades. E nada voltará ao que era antes. O mundo será muito mais híbrido com o virtual e o físico num plano de igualdade, muito menos presencial do que antes.”

De acordo com a especialista, a Wayra possui um budget global para investir em startups com um limite de até R$ 1 milhão. “No momento, olhamos muito para a internet das coisas e o potencial de inovação e negócios, com tudo muito conectado no futuro. Olhamos também o universo de fintech, big data, educação e saúde. Mas estamos abertos para todos os tipos de negócios, que terão nesse momento de provar que atravessam o lockdown com potencial de sobreviver e crescer. Assim querem saber os investidores. Como será usado o investimento em dois anos e meio aproximadamente”, finaliza. A entrevista, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube. Aproveite para também se inscrever e ficar por dentro das próximas lives.

Amanhã (01), a série de entrevistas tem sequência com o “Sextou?”, um bate-papo ao vivo com Cristiano Chaves, head of OMNI Customer Support da Arezzo&Co. E para a próxima semana já temos confirmados: Braulio Lalau de Carvalho, CEO da Orbitall, na segunda (04/05); Luís Carlos, gerente de marketing da Locaweb, na terça (05/05); Bianca Vargas, gestora executiva de relacionamento com clientes da MRV, na quarta (06/05); e Bruno Stuchi, CEO da Aktie Now, na quinta (07/05).

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