Acompanhando uma tendência mundial, que já possui muitos adeptos, principalmente, nos Estados Unidos e China, o Brasil começa a expandir seu mercado de marketplace no e-commerce. Não por menos, pois tem se mostrado como um modelo de negócio vantajoso, seja para as empresas que criam as plataformas, para os lojistas ou para os próprios clientes. “Eu costumo dizer que o marketplace é um ganha, ganha, ganha”, opina José Nilson Ferreira, diretor de marketplace da Cnova – empresa detentora das plataformas do Extra, Pontofrio e Casas Bahia. “É uma tendência que veio para ficar no Brasil, assim como é nos EUA e na Europa.”
De acordo com o diretor, primeiro, ganha o cliente, pois em uma plataforma como essa há muito mais variedades e há maiores ofertas de produtos em um mesmo local. Depois, o lojista online, que consegue hospedar aquilo que deseja vender dentro uma bandeira que possui alta audiência e, com isso, aumenta suas possibilidades de conversão, a um custo muito mais baixo se ele próprio resolvesse criar um site. Por último, o próprio marketplace, que possui uma quantidade de clientes visitando-o muito maior e com uma quantidade grande de produtos disponíveis. “Então, aumento o meu mix de variedades sem, necessariamente, investir meu capital em um sortimento ou em um centro de distribuição, para armazenar mais produtos”, acrescenta ele. “É um jogo onde ganha todo mundo.”
Aliás, o varejista, mais do que investir um gasto menor, pela não necessidade de criação de uma página, ainda conta com a facilidade de o marketplace oferecer serviços de estrutura e logística, que podem ser um desafio para quem está começando em um negócio ou possui uma pequena empresa, sem muitos aportes. “Dentro do que ele paga para fazer parte de um marketplace, já tem custos embutidos de taxa administrativa, antifraude, antecipação da receita nas vendas parceladas e também tem o nível de serviço, bem como o atendimento pós-venda, que é feito por nossas bandeiras”, explica. “O lojista tem a vantagem, pois sairia muito caro trazer esse tráfico qualificado dentro da bandeira dele. A despesa que ele tem, em geral, é só uma comissão sobre categorias diferentes que ele vende dentro do marketplace.”
Entretanto, qual a vantagem para os grandes varejistas, que já possuem suas lojas físicas, online e outros canais? Para o executivo, o lado positivo está na possibilidade de ter mais clientes em uma plataforma, com uma quantidade maior de produtos, que muitas vezes não estão disponíveis em outros locais de compra dela. Além disso, não há uma relação do cliente ser do marketplace ou do lojista, o cliente, ao final, acaba sendo de todos. “Se o lojista entregou no prazo combinado, na qualidade das condições ditas, em uma embalagem adequada, com nota fiscal sendo da empresa dele, não tem porque o cliente não se apaixonar e não ser fiel à loja dele”, adiciona.
Por outro lado, para que essa fidelização ocorra, é preciso que o vendedor tenha uma gestão de estoque, bem como um cuidado com o atendimento ao cliente, pois o executivo alerta ser uma falha gravíssima quando o vendedor recebe um pedido de venda, o marketplace segura o dinheiro do cliente e, no último instante, não entregar o pedido por falta de estoque. “Isso mancha a reputação do lojista e do próprio marketplace. Essa relação só é duradoura se o nível de serviço for muito bom”, aconselha. “Às vezes, a pessoa entra no marketplace e acha que tudo vai funcionar sozinho e não é verdade. Primeiro, precisa conectar a loja nas bandeiras; segundo, cadastrar seus itens no marketplace; terceiro, colocar estoque dos itens; e quarto, fazer uma gestão comercial disso. É um negócio como qualquer outro, com a vantagem de conseguir dar possibilidade ao produto ser vendido.”