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Ana Clara Schneider, fundadora e diretora executiva da Sondery

Você leva em consideração o consumidor com deficiência na comunicação do seu negócio?

É importante reforçar que a conversa e a inclusão não se dão apenas em grandes campanhas ou em datas comemorativas, mas devendo acontecer ao longo de todo o ano

Autora: Ana Clara Schneider 

Falta menos de uma semana para o Dia dos Pais. Um momento que surgem filmes divertidos, emocionantes, que celebram a relação paterna com seus filhos, independentemente da idade deles. As narrativas muitas vezes abordam diferentes perfis, cidades, culturas, sotaques e outras características da população diversa do Brasil. Mas te convido a parar um minuto e se perguntar: quantas campanhas retratando pais com deficiência você viu nos últimos anos? De acordo com o IBGE, 8,9% da população têm algum tipo de deficiência. Apesar de um número grande considerando o tamanho do país, este é um público ainda pouco levado em consideração enquanto consumidor, principalmente nas campanhas publicitárias. 

Relatório divulgado pela Aliança Sem Estereótipos aponta que, de 7.402 peças publicitárias analisadas no Brasil, apenas 1,2% mostrava pessoas com deficiência. Número que pode ter conexão com o fato de as marcas não considerarem esse público como consumidor final. 

Durante a primeira edição do EPA (Encontro de Publicidade e Acessibilidade), uma das painelistas, a Ana Clara Moniz, comentou sobre a dificuldade de encontrar produtos que atendam as necessidades dela, por isso, quando encontra, se torna uma consumidora fiel. Realidade confirmada por outros convidados do evento, como Marco Pellegrini, especialista em Tecnologia Assistiva e articulador de Políticas de Inclusão Sociais, que comentou ainda a respeito de um estereótipo sobre a pessoa com deficiência que precisa ser desconstruído: “cadeiras de rodas não prendem ninguém. Ela é um instrumento libertador. Com uma cadeira adequada, você vai aonde precisa. Ter uma cadeira de rodas é libertador, não uma prisão”. 

Ao falar especificamente sobre o Dia dos Pais, poucas são as campanhas e marcas que buscam retratar esse público. Em 2021, o Bradesco se destacou nessa frente ao mostrar um pai cadeirante, protagonista da história, brincando com sua filha. Uma campanha que trouxe pais entre os consultores, como o músico Billy Saga,  Marco Pellegrini, Tuca Munhoz e Jairo Marques. O filme, inclusive, foi estrelado por Billy, rapper paulistano, escritor e grande liderança  do movimento ativista pelos direitos das pessoas com deficiência. 

E para as empresas que queiram mudar o cenário e criar campanhas mais inclusivas, gostaria de destacar a necessidade – na minha opinião, inegociável – de conhecer e considerar como ponto de partida  o “nada sobre nós, sem nós”, lema que reforça a importância da participação de representantes da comunidade com deficiência nos processos de criação e tomada de decisão. Ainda são muitos os vieses e estereótipos em torno da pessoa com deficiência que precisam ser desconstruídos pela grande mídia. Por isso, se faz necessário envolvê-las desde a concepção de qualquer projeto, o que contribui para a representatividade real e diversidade das ideias em todo o processo criativo. 

Vale lembrar que, além do Dia dos Pais, o segundo semestre está repleto de celebrações importantes, como Dia das crianças, Black Friday e Natal. Datas que são ótimas oportunidades para representar os consumidores com deficiência nas campanhas. 

Mas é importante reforçar que a conversa e a inclusão não se dão apenas em grandes campanhas ou em datas comemorativas. Ela pode – e deve – acontecer ao longo de todo o ano. A acessibilidade e a representatividade podem fazer parte, por exemplo, de ações e conteúdos nas redes sociais, comunicação interna, vídeos institucionais, entre tantos outros canais de comunicação. Com essas iniciativas, é possível garantir que o consumidor com deficiência esteja presente em todos os momentos e jornadas de acesso ao conteúdo da sua marca e empresa. Por isso, quanto mais investimentos em acessibilidade na comunicação, maior a possibilidade de ampliar o público e ter um retorno positivo. 

Ana Clara Schneider é fundadora e diretora executiva da Sondery.

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