Autor: Flávio Oliveira
A latente necessidade de “Vender Mais” impulsiona o varejo nas mais diversas direções em um mercado globalizado onde o marketing se torna um clássico segmento de “Manada” e, globalmente, apenas alguns criam. E muitos outros acabam complacentemente seguindo este movimento, sem mesmo entender porque ou que está sendo feito. Em uma espiral, muitas vezes, invertida onde gigantes esforços levam os resultados financeiros a um pífio ponto ao fim de uma jornada inócua.
Em certo momento surgem alguns movimentos que realmente merecem crédito, principalmente, se entendermos para que foi direcionado e sobre uma ótica mais oblíqua de análise para quem ele foi criado.
O Crediário Digital é um movimento genialmente criado quando analisamos seu mercado alvo. Um mercado fundamental à economia mundial e que, no Brasil, representa a maior contenção de potencial de consumo. Devemos lembrar, ainda, o conceito lúdico dos carnês tradicionais que foram a base do crescimento do varejo durante décadas consecutivas.
Para os usuários do cartão de crédito. O crediário digital pouco vai influenciar, principalmente porque transfere para o tomador desta modalidade de crédito todos os encargos, juros, taxas e demais fatores de risco que necessitam ser atenuados. Quando no cartão de crédito todos estes encargos ficam por conta e responsabilidade da entidade de varejo. Somente neste quesito o varejo já sai ganhando muito, na casa dos bilhões anualmente.
Sendo nossa capacidade mental suficiente para vislumbrarmos o que existe por trás desta modalidade com aparência inocente e uma eficácia tão profunda em seu contexto verdadeiro. Diremos…. Kasparov arquitetou este movimento sequencial quase que perfeito.
O crediário digital sacia o desejo do terceiro maior mercado de consumo no Brasil, mercado que possui maior potencial de aquisição de bens de conforto e equiparação social.
Estamos falando dos ‘desbancarizados’, dos que têm cartões de crédito com limites muito pequenos, dos que preferem deixar o cartão de crédito para uma emergência, dos que possuem um cartão de crédito originado nas relações de afinidade e/ou os que entendem que se tiverem problemas de incapacidade financeira momentânea o crediário digital não vai afetar a funcionalidade de seu cartão de crédito.
Crediário Digital é um movimento irreversível. Estrategicamente perfeito, mas com uma armadilha poderosa aos que seguem este caminho no conceito de “Manada“. A análise de crédito usada atualmente para outras formas de fornecimento de crédito é superficial, fraca e incapaz de aquilatar perfeitamente o comportamento sócio financeiro dos novos mercados ou aos mercados derivativos agregados a este produto.
Para que o sistema de Crediário Digital se torne uma revolucionária forma de vender, caracterizando-se como um performático retorno vintage aos carnês de pagamento deve-se agregar ao processo uma Inteligência mais que inerente e um modelo cognitivo capaz de mensurar perfeitamente o potencial de cada indivíduo do sistema. Evitando assim que o sistema venha a contracenar com os riscos de uma potencial degeneração de mais uma solução genialmente criada, mas que necessita de uma evolução em seus bastidores.
Pois já não bastam os dinossauros que foram extintos por algo que vinha de longe e não parecia perigoso. O Crediário Digital não pode correr este risco.
Flávio Oliveira é diretor de desenvolvimento e tecnologia da 4Mooney Tecnologia e Inovação para o Mercado Financeiro.