Apesar dos ajustes fiscais estarem em alta, a maioria dos setores continuam em baixa. Ninguém saiu impune. Inclusive, os consumidores. Para os que financiaram algum veículo, a preocupação começa com o risco de desemprego que promete atingir o País, ocasionando em alguns inadimplentes rodando por aí. Já quem estava esperando preencher a garagem com o crédito das financeiras ou está juntando uma graninha para uma boa entrada, pode ser que encontre as concedentes mais seletivas e cautelosas que o normal. Assim, a situação pede cautela de todos, mas também pode ser uma oportunidade para olhar melhor outros mercados dentro do setor.
Neste sentido, as financeiras de carros de luxo foram as que menos sentiram o impacto negativo entre o final de 2014 e começo de 2015. Isso ocorre devido a maleabilidade que o cliente possui ao contratar o crédito – além de ser um consumidor com uma linha de aprovação maior. “A maior facilidade de pagamento oferecida pelo programa fez do financiamento pelos Serviços Financeiros da Jaguar LandRover ser a opção preferida por 45% dos compradores das marcas de luxo em 2014”, comenta Frederico Fuchs, gerente da divisão de Serviços Financeiros da JLR para a América Latina e Caribe.
Para as concessionárias de crédito que não atuam no segmento Premium, a oportunidade pode estar nos carros usados e seminovos que apesar de não serem a primeira opção do cliente, vão fazer os olhos dele brilhar ao ver a diferença no preço do veículo e nas parcelas de financiamento. Às financeiras que não quiserem migrar para este caminho, o professor de finanças da FIAP, Marcos Crivelaro, sugere a redução das taxas internas de financiamento e busca de carros mais baratos para tornar o financiamento mais acessível à população. “Gradualmente, uma vez atingidas as metas fiscais do governo federal, as taxas de juros voltarão a cair”, prevê o professor.
De qualquer forma, conforme explica Nicola Tingas, economista chefe da Acrefi, é preciso que sejam tomadas medidas para estancar o desaquecimento e o mercado volte a crescer, inclusive com a queda de juros, conforme ensinou Crivelaro. Entretanto, o economista também apresenta a existência de fatores externos, como a alta do dólar, que também impactam o setor. Apesar de não ser tão otimista para esse ano, Tingas acredita que, se houver um trabalho conjunto, todos poderão voltar a se beneficiar do crédito novamente. “É preciso observar que sinalização a política econômica dá, tanto para a indústria automobilística, como para o consumidor e as financeiras, para ver qual é a capacidade de consumo existente no mercado, e, então, as condições vão melhorando e ganhando ritmo. Precisamos vencer e abreviar esta fase para que possamos entrar em uma melhor”, conclui.
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