Autor: Thiago Archina
O aumento da renda na maioria das famílias brasileiras e a ascensão da classe C provocaram um verdadeiro turbilhão na economia brasileira, que ainda vive a ressaca de um momento de grande euforia. Mais de 35 milhões de brasileiros tiveram acesso ao crédito e migraram da classe C para a classe B.
O governo incentivou a economia com a redução da taxa de juros dos bancos federais e a queda de alíquota de impostos, como o IPI. Um dos resultados, de acordo com pesquisas, é que 22% da população em geral têm sua renda comprometida com endividamento, e 15% dos tomadores de crédito estão inadimplentes, e destes, 47% pertencem à classe C.
Uma grande demanda de pessoas querendo consumir sem se preocupar com seu futuro financeiro pode gerar impacto até no PIB (Produto Interno Bruto) e no próprio custo de um financiamento. Tirar de circulação um dinheiro que não é reposto encarece o crédito, porque diminui a oferta de recursos e aumenta o risco para quem empresta.
Toda essa ciranda gera um grande impacto nas empresas. Se o endividamento preocupa a população em geral, para o empresário a inadimplência faz com que se acenda um alerta vermelho.
Mas antes de sair ao mercado para obter empréstimo, é importante avaliar para que será necessário o dinheiro extra. Se for para saldar dívidas, a lição de casa deve ser feita: é preciso primeiro realizar um choque de gestão, com análise detalhada da situação financeira da empresa e controle rígido de custos. Uma empresa inadimplente atrapalha o sistema financeiro e gera um efeito cascata. A não ser que seja feito um planejamento muito detalhado para o pagamento do empréstimo, é provável que a empresa continue no vermelho e seja obrigada a pedir dinheiro ao mercado novamente.
Caso a empresa queira o dinheiro para investir, ampliar seus negócios, há vários cuidados a serem tomados para não cair em armadilhas. É importante identificar as linhas disponíveis no mercado e escolher a melhor para a empresa.
Para que os juros não impactem o fluxo de caixa, é preciso ter um bom planejamento financeiro. A TIR (Taxa Interna de Retorno) deve estar de acordo com o que a empresa espera. O retorno sobre o investimento tem que ser sempre superior à taxa que o empresário está pegando emprestado, caso contrário, é melhor procurar outra instituição ou modalidade de empréstimo com taxas melhores, ou até mesmo adiar um pouco o plano de expansão.
Uma alternativa recomendada para obtenção de crédito é manter balanços anuais auditados, mesmo em pequenas e médias empresas. É fundamental considerar a auditoria como parte do investimento, principalmente nas empresas que têm por hábito tomar dinheiro no mercado.
Thiago Archina é analista de marketing da Zipcode.