Rodrigo Cezaretto Marques, Chief Operating Officer da FinanZero

Cresce pedidos de empréstimos por pessoas acima de 65 anos

Quitar dívidas e arcar com custos de saúde são os principais motivos  para a demanda de dinheiro pelos mais velhos, aponta estudo da FinanZero

O número de pedidos de empréstimos pelos brasileiros cresceu 23% no mês de março último, em relação ao mês anterior, de acordo com dados do Índice FinanZero de Empréstimo. Entretanto, considerando a base de pedidos feitos à fintech, essa procura envolvendo as pessoas com mais de 65 anos de idade saltou 35% entre janeiro e março. “Se cada vez mais as pesquisas recentes têm apontado para um fenômeno em comum, o do aumento da demanda dos brasileiros por crédito, nosso estudo indica que isso é ainda mais expressivo junto às pessoas mais velhas”, comentou Rodrigo Cezaretto, diretor operacional da FinanZero.

A média de idade dos solicitantes de dinheiro na fintech está na casa dos 35 anos. São pessoas que, desde a pandemia, recorrem ao sistema de crédito para abrir um negócio ou, principalmente, resolver dívidas pendentes. Quando perguntados sobre os motivos para pedir recursos no mercado de crédito, as respostas das pessoas acima de 65 anos tendem a se assemelhar ao público em geral. O principal deles também é para pagar dívidas, apontado por 36% dos ouvidos na pesquisa dentro dessa faixa etária. Em seguida estão demandas próprias dessa população, como renovar a casa (21%) e custos com saúde (15%).

Para Rodrigo, o perfil desse público é diferente do que sugere o senso comum: na verdade, muitos idosos permanecem responsáveis pelas contas domésticas depois que se aposentam – quando não seguem economicamente ativos. “Há dois anos, por exemplo, uma pesquisa da CNLD – Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e do SPC Brasil mostrou que 52% dos brasileiros acima de 60 anos arcavam com os custos de suas casas. O mercado passou a olhar muito para essas pessoas depois que percebeu o papel econômico fundamental que elas exercem. Não só continuam produzindo, muitas vezes já aposentados, como formam um perfil consumidor particular, que deu origem à expressão ‘economia prateada'”.

Por outro lado, o que o dado da FinanZero mostra é que muitas dessas também estão tendo que recorrer a empréstimos para ter um fôlego no orçamento – ou seja, de que nem todas elas têm economias ou ajuda de familiares para passar por momentos de crise. Os gastos com saúde, por sua vez, se relacionam principalmente com os custos de convênios médicos que, nesta fase da vida, tendem a ser maiores. “Pesquisas feitas nos últimos anos mostram uma capilaridade significativa de planos de saúde entre essa população”, comentou o diretor.

Na percepção do executivo, além desse fenômeno, há também a expansão de um mercado alternativo de saúde, de molde popular, mas que muitas vezes exige gastos extras com consultas e exames. “Entram nessa conta desde quem paga o convênio até quem, pela falta de condições de arcar com esse custo, precisa pagar por medicamentos ou serviços médicos particulares, por exemplo”.

Diversas modalidades

Rodrigo lembra que, no Brasil, há diversas modalidades de crédito voltadas para o perfil de pessoas acima dos 60 anos. O principal deles é o empréstimo consignado para quem já se aposentou, em que as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento. A vantagem dessa linha de crédito está nos juros mais baixos.

Além disso, existem opções em que os solicitantes oferecem como garantia parte do patrimônio, como automóveis ou casas e apartamentos, por exemplo. Dedicadas a pessoas mais velhas, essas linhas oferecem, em troca, juros atraentes. Muitos desses empréstimos seguem sendo ofertados por fintechs. “É curioso que, mesmo com essas modalidades especiais, muitos idosos encontrem vantagens mais relevantes em fintechs. É um sinal de que eles estão atentos às mudanças no mercado financeiro”.

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