Endividamento cai em BH

O consumidor de Belo Horizonte está consumindo menos. O resultado é uma redução, mesmo que pequena, do volume de dívidas e, consequentemente, um alívio no orçamento. Pelo terceiro mês consecutivo, o índice de endividamento na cidade, apurado pela Fecomércio MG com base em pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou queda. Atingindo, em setembro, 32,9% da população (saiu de 38,4% em junho, para 35,3%, em julho, e 33,4%, em agosto). Em relação ao mês anterior ao estudo, o número de pessoas com contas em atraso também recuou, passando de 13,1% para 10,8%. O indicador de inadimplência, que avalia quem não terá condições de pagar os compromissos assumidos, foi de 4,7%, em agosto, para 3,4%, em setembro.
As famílias com renda mensal de até dez salários mínimos são as que possuem mais dívidas (35,1%). Nos demais casos, esse índice é de 19,2%. A principal pendência continua sendo com o cartão de crédito. Em setembro, 82,1% dos entrevistados se comprometeram com essa modalidade, seguida por financiamento de casa (9,5%), crédito pessoal (7,9%), financiamento de carro (6,1%) e cheque especial (5,4%). 
“É preciso muita atenção, porque, hoje, muitos consumidores utilizam o cartão para as despesas do cotidiano. No entanto, os juros mensais para quem entra no rotativo (atrasa o pagamento ou paga somente o valor mínimo) são os mais altos do mercado, atualmente cerca de 15,6%”, avisa o economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.
O alerta é válido principalmente para mais de um terço (32,8%) dos endividados, que estão com os débitos em atraso. Além disso, de acordo com o estudo, as dívidas comprometem mais de 10% da renda familiar em 63,4% dos casos, sendo que 17,3% envolvem mais de 50%. Tal situação acaba dificultando o pagamento também das contas corriqueiras, como água, energia elétrica e telefone.
Na análise de Almeida, os aspectos conjunturais ainda estão desfavoráveis ao equilíbrio do orçamento das famílias, a exemplo do desemprego elevado, altas taxas de juros e achatamento da renda. Para reduzir o volume de dívidas e conseguir honrar os compromissos, as pessoas estão tendo que se organizar melhor. “Em 2014, havia estímulos para o endividamento crescente. Quando a crise estourou, isso foi ainda mais grave. Atualmente, de uma maneira geral, as famílias estão reduzindo o consumo e adquirindo menos financiamentos para tentar manter as contas em dia”, completa ele.
Em função desses fatores de risco, a confiança na economia segue no nível da insatisfação, conforme outro levantamento da CNC, compilado pela Federação mineira. O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da capital passou de 64,4 pontos para 66,2, ficando ainda abaixo dos cem, o limite para a indicação de otimismo. “O resultado está muito ligado a aspectos de consumo, como o endividamento e acesso ao crédito”, explica o executivo. O indicador de emprego atual chegou aos 104,8 pontos, porém 55,6% dos profissionais não acreditam em ascensão na carreira. Além disso, o índice de perspectiva de consumo ficou com 39 pontos – mais de 64% dos entrevistados afirmam que estão comprando menos, na comparação com o ano passado – e de renda atual em 91,9.

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