Em julho, a proporção de famílias paulistanas endividadas se manteve praticamente estável com relação a junho. À exceção de um leve aumento de 0,2 ponto porcentual (p.p.), quando 49,2% das famílias paulistanas afirmaram possuir algum tipo de dívida. Na comparação com julho de 2015, quando 53,3% das famílias estavam endividadas, houve queda acentuada (4,1 p.p.) – foi a terceira queda consecutiva na comparação interanual. Em números absolutos, o total de famílias com algum tipo de dívida passou de 1,881 milhão de junho para 1,893 milhão em julho, sendo que em julho de 2015, esse número era de 1,913 milhão, ou seja, 19 mil a menos.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Segundo a assessoria econômica da Entidade, a terceira queda consecutiva no comparativo anual foi propiciada por dois fatores: o mercado restringiu o crédito, pois existe forte correlação entre inadimplência e desemprego e a expectativa de que mais de um milhão de pessoas percam o emprego este ano, que fez com que o mercado financeiro adotasse políticas de crédito mais rígidas. Outro fator é que quem pode, evitou contrair novas dívidas ou financiamentos na tentativa de equilibrar seu orçamento doméstico. Apesar da melhora das expectativas tanto de consumidores quanto de empresários, o cenário atual ainda é delicado e não haverá grandes mudanças no curto prazo.
O endividamento continua maior entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos, onde 51,8% afirmaram estar nestas condições em julho, elevação de 0,2 ponto porcentual na comparação com junho. Já entre as famílias que recebem mais de dez salários, a parcela de endividados foi de 41,8%, retração de 0,6 p.p. ante junho. A pesquisa revelou ainda que, em julho, 37,4% das famílias afirmaram ter sua renda comprometida com dívidas por mais de um ano (ante 40% em julho de 2015); 22,9% possuem débitos com prazos de até três meses (sendo que em julho do ano passado eram 17,1%); 19,7% entre três a seis meses (20,8% em julho de 2015); e 18,2% entre seis meses e um ano (19,2% em julho de 2015).
Inadimplência
Em julho, 17,3% das famílias paulistanas afirmaram estar com as contas em atraso, queda de 0,3 p.p. em relação ao mês anterior. No comparativo com o mesmo período do ano passado, o indicador apresentou alta de 2,8 p.p. Em números absolutos, o total de famílias com contas atrasadas atingiu 666 mil. Entre as famílias inadimplentes, 50,9% delas afirmaram ter débitos vencidos há mais de 90 dias; 24,6% têm compromissos atrasados entre 30 e 90 dias; e 24,3% estão com dívidas vencidas por até 30 dias.
Assim como o endividamento, a inadimplência também é maior nas famílias com menor renda. Entre as que ganham até dez salários mínimos, 20,5% estão com contas atrasadas – aumento de 2,3 p.p. na comparação com julho de 2015. Segundo a Federação, as famílias com menor renda sentem mais os efeitos da crise econômica e para essa faixa da população, que já vive com o orçamento mais apertado e precisa do crédito para alavancar seu padrão de consumo, qualquer imprevisto pode desequilibrar suas finanças e levar à inadimplência. Já entre aquelas que ganham mais de dez salários mínimos, 9,3% afirmaram ter dívidas vencidas em julho – elevação de 3,4 p.p. na comparação com o mesmo mês de 2015.
Além disso, em julho, 7,3% das famílias disseram que não teriam condições de pagar total ou parcialmente suas contas no mês seguinte. Esse porcentual era de 5,6% no mesmo período de 2015. Em números absolutos, existem 282 mil famílias que estão nessa situação.
Tipos de dívida
O cartão de crédito continua o vilão do endividamento e é o principal meio de financiamento das famílias, utilizado por 71,5% dos devedores em julho. Na sequência estão carnês (15,9%), crédito pessoal (13,9%), financiamento de carro (13,4%), financiamento de casa (11,7%) e crédito consignado (5,3%).
Segundo a FecomercioSP, os tipos de dívidas refletem uma certa dificuldade de equilibrar o orçamento das famílias com rendimento acima de dez salários mínimos. No comparativo anual observa-se uma alta de 0,7 p.p na utilização do Cheque Especial, de 5,3 p.p. no crédito pessoal e de 4,9 p.p. nos carnês. Ainda em relação ao mês de julho do ano passado, destaca-se a queda de 6,5 p.p. no financiamento de carro.
A maior utilização do Crédito Pessoal nos últimos meses, segundo a Entidade, demonstra que o consumidor tem buscado outras modalidades de crédito que ofereçam juros mais baixos, a fim de evitar o maior pagamento de juros. De acordo com dados do Banco Central de junho apontam que o Crédito Pessoal oferecido pelos Bancos, apresentou uma taxa média em junho de 128,3% a.a. Já o Cheque Especial e o rotativo do Cartão Crédito possuem uma taxa média de 315,7% a.a. e 470,9% a.a., respectivamente.