Fácil, mas caro

Se por um lado as concessionárias de crédito restringiram o acesso do mesmo, de outro ele ainda aparece como disponível, em forma de crédito rotativo, apesar de custar caro tanto para o contratante quanto para o contratado. Como é possível observar, parte da responsabilidade pelo aumento na contratação desse serviço é a crise. E o somatório da situação macroeconômica do País com essa linha de crédito de taxas e juros altos, provavelmente, é de muitos inadimplentes, comenta Christian Vincent, diretor da GoOn, empresa especialista em riscos e negócios.
Para tanto, é importante perceber e entender o perfil do consumidor que costuma contratar essa carteira. De uma forma geral, são pessoas com menor poder aquisitivo e sem educação financeira. Assim, o crédito rotativo se torna um grande alvo na hora de escolher quais contas não pagar quando o orçamento não der conta. “Diante de um ambiente de taxas altas (370% aa), as pessoas que entram no crédito rotativo por muito tempo têm maior probabilidade de não conseguir mais pagar suas obrigações e entrar em atraso. Quanto mais à carteira do crédito rotativo crescer em relação ao todo, maior risco de termos clientes inadimplentes”, explica Vincent.
Assim, analisando os prognósticos apresentados para o restante de 2015, a recessão será maior para todos na busca de superar uma crise que custa passar. Diante disso, as previsões tanto para o crédito em geral, mas principalmente pelo rotativo, que ganha mais espaço a cada dia, não são boas. “Acreditamos que a carteira do crédito rotativo continuará crescendo. Só terá sua evolução reduzida à medida que o cenário econômico for melhorando, pois existe uma forte relação de um ambiente econômico ruim com o uso destas linhas mais arriscadas”, conclui o diretor da GoOn.

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Fácil, mas caro!

O uso do crédito no Brasil mostra que o cartão de crédito é a modalidade mais usada pelos consumidores (em 83%), seguido pelo empréstimo (53%) e pelo crediário (50%), de acordo com um relatório produzido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Além disso, um em cada dez brasileiros declara ter mais de quatro cartões de crédito. Outros estudos apontam que a forma de pagamento mais utilizada pelos entrevistados depende basicamente do valor do bem a ser comprado: produtos de menor valor são pagos em dinheiro e os de maior valor, no cartão de crédito.
Além disso, os estudos apontam que o brasileiro tem a visão do crédito e financiamento como uma forma de deixar a sua renda mensal mais elástica e não apenas como uma forma de acessar produtos mais caros, cujo pagamento à vista é mais difícil.
“É preocupante o fato de que 12% dos consumidores acreditam que o cartão de crédito e o cheque especial são parte da renda mensal. E ainda mais preocupante: 13% sequer sabem quanto têm para gastar no mês”, relata Kawauti.
Na avaliação da economista, existem dois grandes problemas quando se trata deste tipo de crédito mais acessível. “Em primeiro lugar, este tipo de instrumento financeiro em geral, é mais caro que os demais”, diz a economista. Segundo a especialista, dados do Banco Central do Brasil mostram que a taxa de juros média cobrada no cheque especial é de 187,8% ao ano, muito acima, por exemplo, da taxa média de crédito pessoal, de 25,5%.
“Em segundo lugar, este tipo de crédito leva à falsa impressão de facilidade de pagamento e muitas vezes incentiva o consumo desnecessário e acima dos limites do orçamento”, alerta. O estudo do SPC Brasil relata que 19% dos entrevistados admitem ter o hábito de comprar produtos desnecessários, porque o parcelamento está disponível, percentual que aumenta entre os mais jovens. Quando perguntados em relação ao parcelamento, 20% dos consumidores adimplentes admitem que preferem parcelar as compras mesmo quando o valor não é muito alto para poder comprar mais. Entre os inadimplentes pesquisados, este percentual cresce para 30%. Sem mencionar que 21% não sabem sequer a quantidade de prestações que ainda estão pendentes de pagamento.
O relatório dos SPC Brasil conclui que a relação do brasileiro com o crédito, assim como sua decisão de consumo, são tomadas com uma visão limitada no curto prazo. Para os economistas, essas atitudes têm feito com que o crédito fácil ganhe espaço. “O problema principal é que o crédito farto direcionado a compras imediatista, em muitos casos, leva à inadimplência. Cerca de um terço dos entrevistados admitiram que têm o nome registrado em algum serviço de proteção ao crédito”, afirma Kawauti.
A porcentagem é consistente com a estimativa do SPC Brasil de que um total de 55 milhões de pessoas têm algum registro. Este percentual corresponde a cerca de 40% da estimativa atual da população economicamente ativa. “Dentre os inadimplentes, o valor médio da dívida chega a R$ 4.007,27. Quando comparamos este número com a renda familiar, a estimativa é de que o inadimplente tem pendências que somam de duas a três vezes sua renda família”, afirma a economista.

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