A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF) divulga o boletim de março, com a avaliação do primeiro trimestre do ano, que dá um panorama do mercado atual. A entidade espera que o saldo de financiamentos tenha uma queda de 8,8% neste ano e os recursos liberados retraiam em até 9,2%. O saldo do crédito para aquisição de veículos pelas pessoas físicas e jurídicas corresponde a 4% do PIB contra 4,5% no mesmo período do ano anterior – apresentando um decréscimo de 0,5 p.p. -, passando a representar 6,7% do total do crédito do Sistema Financeiro Nacional e 13% do total das operações de crédito, os chamados recursos livres.
Os dados da ANEF mostram que as modalidades de pagamento pouco se diferem do observado no mesmo período do ano passado. Do volume total de vendas de veículos e comerciais leves, 52% foi por meio de financiamento, 39% à vista, 7% consórcio e 2% por leasing. Como de costume, o Finame representou 70% do total de vendas de caminhões e ônibus, enquanto 14% foi à vista, 13% por financiamento, 2% consórcio e 1% por leasing. 32% das motocicletas foram financiadas, 33% pagas à vista e 35% por consórcio.
“A atual conjuntura econômica é negativa e impactou fortemente a venda de veículos. O reconhecimento agora generalizado da crise pode ter gerado uma reação exacerbada por parte dos agentes econômicos, o que culminou numa crise de confiança significativa, que impactou consumo e investimentos. As correções necessárias para resgatar a confiança começam a ser tomadas pelo governo e abriu-se a perspectiva de aumento nos investimentos em infraestrutura, que deverão impactar de forma positiva principalmente o setor de veículos pesados”, avalia Décio Carbonari, presidente da ANEF.
A soma dos saldos das carteiras de veículos totalizaram R$ 205,4 bilhões, o que representa queda de 1,2% no mês e de 7,3% em doze meses. O saldo de financiamentos CDC somaram R$ 197,7 bilhões, uma retração de 1,2% em relação a fevereiro e de 5,6% em doze meses. A carteira de Pessoa Física teve saldo de R$ 179,6 bilhões, queda de 1,2% no mês e de 5,4% em um ano. Já a carteira de Pessoa Jurídica fechou o saldo em R$ 18,1 bilhões, queda de 1,2% no mês e de 7,4% em doze meses. O saldo total da carteira de leasing também sofreu, com R$ 7,7 bilhões, o que indica uma retração de 1,3% no mês e de 35,8% em doze meses.
O total acumulado de recursos liberados no primeiro trimestre é de R$ 24 bilhões, o que mostra uma queda de 6,9% no último ano. Os recursos para financiamentos CDC totalizaram R$ 23,3 bilhões, uma retração de 7% em doze meses. O total de recursos liberados no mês de março foi de R$ 8,2 bilhões, aumento de 24,8% no mês e de 7,8% em doze meses. Para Pessoa Física foram R$ 7,3 bilhões, aumento de 22,8% no mês e de 10%, comparado ao mesmo mês do ano passado. Para Pessoa Jurídica foram R$ 914 milhões, aumento de 43,5% no mês, apesar de indicar queda de 7,1% comparado ao mesmo mês de 2014. Já no leasing, o total acumulado de recursos liberados foi de R$ 699 milhões, uma retração de 2,4% em um ano. No mês, foram R$ 250 milhões, representando um acréscimo de 47,9% e queda de 2,4% nos últimos doze meses.
As taxas de juros dos bancos das montadoras são habitualmente mais atrativas ao consumidor. Em março a média foi de 1,52% ao mês e 19,84% ao ano. A taxa Selic ficou em 1% a.m. e 12,75% a.a. Já os bancos de varejo ofereceram taxas para CDC de 1,86% a.m. e 24,7% a.a. para pessoa física, e 1,59% a.m. e 20,9% a.a. para pessoa jurídica.
Os planos máximos disponibilizados pelos bancos aos consumidores foram mantidos em 60 meses. O prazo médio das concessões indica o prazo a decorrer desde a contratação até o vencimento da última prestação, que em março de 2015 se manteve em 41,4 meses. No mesmo período de 2014 foram 41,5 meses. A inadimplência do total da carteira de CDC se manteve estável em 3,9%, 0 p.p. no mês e leve queda de 1,1 p.p. em doze meses. Para pessoa jurídica o quadro também é estável: inadimplência em 4,2%, 0,0 p.p. no mês e queda de apenas 0,1 p.p. em doze meses.