As novas medidas do Banco Central para impulsionar a economia do país já estão atingindo diversos setores, dentre eles, o setor automotivo. Agora, bancos estão reduzindo as taxas de juros no financiamento de veículos para atrair consumidores a adquirirem um novo carro. De acordo com Karolina Coghe, professora do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, no entanto, aumentar o volume de empréstimos, pode gerar incertezas financeiras futuras, já que muitos consumidores já assumiram outros financiamentos. “A redução dos juros é uma tentativa de atrair mais consumidores, que reduziram a demanda por crédito em meio à piora das condições da economia. Boa parte dos consumidores já comprometeu parte de suas rendas com empréstimos de longo prazo, como o imobiliário (média de 25 anos), ou perderam poder de compra com a alta da inflação”, explica.
Karolina explica que incentivar o consumidor a financiar um veículo com taxas menores, pode representar risco de inadimplência, já que não há garantias em relação à permanência nos empregos. “O incentivo ao crédito é uma forma de endividamento em longo prazo. A concessão de crédito exacerbada pode ser geradora de grande endividamento dos indivíduos e com isso criar um ´trade off´: a sobra de estoques nas concessionárias ou alta inadimplência”, afirma.
Além disso, a professora também afirma que a redução das taxas de juros deve gerar maior competitividade entre os bancos, que devem oferecer mais benefícios para atrair os clientes. “Algumas instituições financeiras prometem, além dos juros menores, uma flexibilização das condições, que inclui o financiamento de até 100% do valor dos carros, com até 180 dias para o pagamento da primeira parcela e a possibilidade de, em dois meses por ano, não ocorrer à cobrança da prestação mensal. O cliente continua optando pela menor taxa oferecida, ao passo que para a instituição quase não há risco de perda, pelo fato do próprio veículo ser a garantia do empréstimo concedido”, comenta.