O IV Congresso Sulbrasileiro de Crédito e Cobrança (Congrecred), que ocorreu na última quarta-feira, em Porto Alegre, debateu assuntos como inadimplência, portabilidade de crédito, soluções em tecnologia e o impacto do Marco Civil da Internet nas empresas. O evento, considerado o maior da região Sul do país, reuniu gestores e profissionais de crédito e cobrança, da área jurídica, de bancos, de financeiras e seguradoras. “O grande objetivo do Congrecred é oferecer alternativas de crédito e cobrança em um cenário de incertezas”, afirmou Dáguemar Koebers, diretor do Congrecred.
O tema de abertura do IV Congrecred foi inadimplência, assunto sempre relevante para o segmento. “Ter dívidas faz parte da rotina de consumo das pessoas, ainda mais quando se quer produtos de maior valor e se tem renda menor. Perder o controle que é o problema, pois significa pagar mais juros e ter menos capacidade de compra”, explicou o presidente do Instituto Brasileiro de Estudos e Gestão da Inadimplência (IBeGI), José Roberto Romeu Roque.
Ainda dentro da temática de crédito, a palestra “Portabilidade de Crédito sairá do papel?”, apresentada pela diretora-geral da Unicred Integração, Cláudia Lemos, e o diretor da Área de Negócios e Produtos da Sicredi-RS, Paulo Henrique Pereira, discutiu o assunto a partir das mudanças na legislação no final do ano passado, que facilitaram a migração da dívida de um banco para outro. Para Cláudia Lemos, a portabilidade de crédito ainda é pouco usada no Brasil. Segundo a palestrante, parte se explica pela falta de conhecimento dos clientes, mas muito em razão das instituições financeiras não terem interesse na ação e, portanto, não incentivarem a portabilidade. “No Brasil, hoje, mais da metade dos lucros dos bancos vem das transações de crédito. Perder uma operação para outro banco não é vantagem para a instituição”, explicou.
O IV Congrecred também apresentou novas tecnologias usadas no setor de cobrança, tanto para otimizar o trabalho, como para reduzir custos. O CEO da Talktelecom, Alexandre Dias, detalhou a importância das empresas otimizarem o trabalho de suas equipes e saberem administrar a perda do contato com aqueles clientes que não tiveram sucesso de renegociar os débitos via call center. Dias fez ainda a demonstração de um novo produto da Talktelecom, que visa melhorar o relacionamento com os clientes que desligam após não conseguir contato com um operador. “A integração da parte de cobrança com a telefonia é vantajosa, pois com uma única tela você vai ter mais informações sobre o seu cliente”, explica.
A velocidade, o volume e a quantidade das informações na Internet, chamada no meio como Big Data, e a dificuldade de reter algo para as empresas, também foram debatidas no IV Congrecred. Eduardo Ramalho, presidente da Acxiom Brasil, explicou como as empresas podem usar as informações obtidas a partir do Big Data em estratégias para qualificar o direcionamento do crédito e, com isso, reduzir os riscos. “São três pontos importantes que o Big Data oportuniza: identificação, reconhecimento e análise de dados para depois executar uma ação. Se a empresa souber usar, poderá agir de forma mais efetiva”, afirmou. As informações coletadas por meio do Big Data levam a uma discussão sobre a privacidade do usuário e os cuidados necessários na obtenção e uso dos dados das pessoas. O advogado Walter Aranha Capanema, falou sobre o tema e também sobre como o Marco Civil, lei que regulamenta as ações na Internet, vai impactar nos negócios das empresas. “O usuário terminou o contrato, exclui os dados dele. É importante ter esse cuidado. Outro ponto é a clareza dos contratos online”, explicou.