Ronaldo Sachetto, Chief Data Officer da Boa Vista

Não bancarizados ganham cada vez mais espaço no mercado de crédito

Cadastro Positivo tem uso ampliado, democratizando o segmento e beneficiando a economia como um todo

Autor: Ronaldo Sachetto

Ter acesso a informações comportamentais do consumidor tem sido essencial no processo de concessão de crédito. A partir desses dados, as empresas concessoras conseguem entender melhor a viabilidade de uma operação deste tipo. Já para o consumidor, ter acesso a informações sobre seu histórico de pagamentos também pode ser benéfico, principalmente para ajudar a resgatar ou ampliar o seu acesso ao crédito.

É nesse cenário que o Cadastro Positivo pode contribuir para tornar o mercado de crédito no Brasil mais democrático, incluindo pessoas “não bancarizadas”, aquelas que não têm comportamento de crédito gerado por um banco ou financeira. Além disso, aumentando o acesso ao crédito, o Cadastro Positivo auxilia no aumento do poder de consumo das pessoas. A ideia é que esse banco de dados não tenha apenas informações vindas de instituições financeiras, mas também de empresas de outros setores, como as telcos, utilities e varejistas.

Primeira onda

A alteração da lei do Cadastro Positivo que autoriza o envio das informações de pagamento de forma automática aos gestores de bancos de dados (como a Boa Vista) está em vigor desde julho de 2019. Isso tem permitido que os consumidores consigam comprovar com mais eficácia o poder de pagamento de suas contas, enquanto empresas do varejo, de serviços e instituições financeiras concessoras de crédito passaram a atuar com menos riscos, já que se embasam em informações mais precisas na avaliação de perfis dos seus clientes. E, com menos riscos, a tendência é de maior volume de concessão de crédito, redução da inadimplência e de um impacto positivo nas taxas de juro real.

O ano de 2019 também ficou marcado pelo envio de 86,2 milhões de dados de consumidores, clientes dos grandes bancos. Essa foi a primeira grande onda de informações no Cadastro Positivo, após a alteração da lei, que se consolidou como uma importante ferramenta para incluir um maior número de pessoas no sistema de crédito no Brasil.

Segunda onda abrem portas

Os não bancarizados começaram a ganhar maior espaço no sistema de crédito em 2020, quando o Cadastro Positivo registrou a inclusão de mais de 2 milhões de pessoas sem relação com instituições financeiras. Um ano mais tarde, em 2021, teve início uma segunda onda de dados. Juntando-se às instituições financeiras, as empresas de telecomunicações começaram a compartilhar informações positivas de seus consumidores, adicionando 12,6 milhões de novos entrantes à base de dados.

Apenas para ilustrar o tamanho dessa contribuição, existem mais de 234 milhões de smartphones no Brasil, de acordo com um levantamento da Faculdade Getúlio Vargas. Os donos desses aparelhos que não são bancarizados passaram a ser “vistos” pelo mundo do crédito, graças ao pagamento de suas contas de celular pós-pago ou telefone fixo. Ou seja, esse movimento proporcionou melhores condições de financiamento com bancos e instituições financeiras, taxas e prazos mais favoráveis junto aos fornecedores, maiores e melhores ofertas de crédito e aumento do score do consumidor.

Outra boa notícia para o consumidor: além das empresas de telecomunicações, as companhias de utilidades (fornecedores de água, energia, gás etc.) e de setores como o varejo também têm começado a disponibilizar dados para o Cadastro Positivo. A incorporação de novas fontes de informação, colabora para impulsionar a inclusão de novas pessoas no sistema de crédito. Essa segunda onda ajudou a incorporar pessoas que não tinham contas em bancos, mas que pagam contas de telefone e celular pós-pago, energia, água, gás, entre outras, mensalmente.

A mais recente onda de informações para o Cadastro Positivo tem sido conduzida por empresas de energia elétrica. A expectativa é que essas empresas adicionem os dados de 11,9 milhões de não bancarizados ao longo de 2022. É importante ressaltar que desde 2019 houve um incremento de 53% de novos consumidores no Cadastro Positivo.

Com a ampliação do uso do Cadastro Positivo no mercado de crédito, a economia se beneficia como um todo, como já temos visto de forma mais efetiva nos três últimos anos, desde que a adesão do consumidor se tornou automática, no modelo que chamamos de opt-out. Com o atual momento de incerteza econômica, o crédito tem sido essencial para o sustento de famílias e a manutenção de negócios. Ter o máximo de informações de pagamento possível é fundamental para garantir o acesso da população ao mercado de crédito, para que continue realizando seus projetos e sonhos. Afinal, o Cadastro Positivo é, sem dúvidas, um grande aliado da economia do Brasil, e da sua retomada de crescimento.

Ronaldo Sachetto é Chief Data Officer da Boa Vista.

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