A proporção de famílias endividadas caiu 1,1 ponto porcentual (p.p.) em junho na comparação com maio. Com isso, 49% das famílias da Capital afirmaram possuir algum tipo de dívida no mês – menor proporção desde abril de 2015, quando 48,9% estavam endividadas. Em relação a junho do ano anterior, quando a proporção era de 54%, a retração foi ainda mais acentuada (5 p.p.). Em números absolutos, o total de famílias com algum tipo de dívida diminuiu de 1,925 milhão em maio para 1,880 milhão em junho. Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando o número era de 1,936 milhão, houve queda de 56 mil famílias.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Segundo a assessoria econômica da Entidade, a queda foi motivada pela restrição de crédito imposta pelo mercado e pelo temor do desemprego, que leva as famílias e evitarem novas dívidas.
O endividamento continua maior entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos, onde 51,6% afirmaram estar nestas condições em junho. O que representa uma queda de 2,2 pontos porcentuais na comparação com maio. Já entre as famílias que recebem mais de dez salários, a parcela de endividados foi de 41,2%, alta de 1,5 p.p. ante maio. Foi revelado ainda que 40,3% das famílias têm sua renda comprometida com dívidas por mais de um ano (ante 36,7% em junho de 2015); 20,1% possuem débitos com prazos de até três meses (20,5% em junho de 2015); 20,4% entre três a seis meses (19,8% em junho de 2015); e 17,2% entre seis meses e um ano (19,4% em junho de 2015).
Inadimplência
Em junho, 17,6% das famílias paulistanas afirmaram estar com as contas atrasadas, queda de 1,2 p.p. em relação ao mês anterior. No comparativo com o mesmo período do ano passado, o indicador apresentou alta de 2,4 p.p. Em números absolutos, o total de famílias com contas atrasadas atingiu 675 mil. Entre as famílias inadimplentes, 50,3% afirmaram ter débitos vencidos há mais de 90 dias; 22,9% têm compromissos atrasados entre 30 e 90 dias; e 25,9% estão com dívidas vencidas há até 30 dias.
Assim como o endividamento, a inadimplência também é maior nas famílias com menor renda. Entre as que ganham até dez salários mínimos, 20,3% estão com contas atrasadas – queda de 2,2 p.p. na comparação com o mês anterior. Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, as famílias com menor renda sentem mais os efeitos da crise econômica e para essa faixa da população, que já vive com o orçamento mais apertado e precisa do crédito para alavancar seu padrão de consumo, qualquer imprevisto pode desequilibrar suas finanças e levar à inadimplência. Já entre aquelas que ganham mais de dez salários, 10,7% afirmaram ter dívidas vencidas em junho – elevação de 0,8 p.p. na comparação com maio.
Além disso, em junho, 7,2% das famílias disseram que não teriam condições de pagar total ou parcialmente suas contas no mês seguinte. Esse porcentual era de 6,1% no mesmo período de 2015. Em números absolutos, existem 277 mil famílias que estão nessa situação.
Tipos de dívida
O cartão de crédito continua o vilão do endividamento e é o principal meio de financiamento das famílias, utilizado por 73% dos devedores em junho. Na sequência estão financiamento de carro (15%), carnês e financiamento imobiliário (ambos com 14,3%), crédito pessoal (14%) e cheque especial (10,9%). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve aumento de 2,1 p.p. na proporção de famílias endividadas no cartão e de 3,1 p.p. no cheque especial. Também houve alta na parcela de endividados no crédito pessoal (1,7 p.p.) e no crédito consignado (1,3 p.p.).
De acordo com a Entidade, as famílias seguem conservadoras e evitando os crediários, conforme indica outra pesquisa da Federação (Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento). Segundo a qual apenas 7,8% dos consumidores paulistanos entrevistados em junho tinham intenção de se endividar nos três meses seguintes. Para a Federação, quem recorre a empréstimos neste momento faz principalmente na tentativa de equilibrar o orçamento. Por isso, alertam os economistas: é preciso estar atento às taxas de juros cobradas em cada modalidade. Segundo dados do Banco Central de maio, enquanto a taxa de juros média do crédito consignado estava em 2,2% ao mês, no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito ela atingiu 12,5% e 15,6%, respectivamente.