Cada vez mais a inadimplência tem se tornado comum na vida dos jovens. Loucos por equipamentos tecnológicos, roupas e produtos de marca, entram para o mercado de trabalho e já se aventuram no mundo do crédito, sem planejamentos ou cuidados necessários para não se endividar. Segundo Rogério Nakata, planejador financeiro da Economia Comportamental, eles estão em segundo lugar no número de inadimplentes, representando 18% dos endividados do país. “Perdem apenas para os consumidores de 31 a 40 anos, com 25%, segundo a Serasa Experian”, afirma.
Ele acredita que a inadimplência entre esse público está aliada ao consumo compulsivo e comprometimento com prestações que, muitas vezes, estão acima de sua possibilidade financeira. “Ao invés de aproveitarem para criar uma poupança, para a construção de uma reserva financeira ou para aquisição de bens com recursos próprios, preferem desde cedo fazer dívidas e pagar juros altos para antecipar seus desejos e sonhos”, diz. Para Fernando Cosenza, diretor de marketing, inovação e sustentabilidade da Boa Vista Serviços, o atual cenário de inadimplência entre os consumidores jovens, deve-se à falta de experiência com o crédito e ao consumo não planejado. “Em muitos casos, o jovem ainda não tem muitos compromissos, como sustentar a casa e filhos. Ajuda o pai e a mãe no sustento da casa, mas ele não é o arrimo da família, então tem mais liberdade para esse consumo não planejado”, diz.
Um caminho para orientar os jovens a fazer escolhas inteligentes com a renda é a educação financeira, segundo os especialistas. Nakata sugere que a empresa credora preste serviço de consultoria financeira, contribuindo para a menor inadimplência entre os novos consumidores. “Com a conscientização, o credor também terá mais tranqüilidade ao emprestar seus recursos para o tomador que, ao adquirir crédito de forma consciente, poderá honrar o compromisso assumido sem a necessidade de recorrer a escritórios de cobrança ou custos advocatícios para tentar reaver o que emprestou”, afirma. Para Lauri Pedro Bizotto, diretor da BL Serviços de Cobrança, essa educação financeira também deve partir da família, do governo, da mídia ou das escolas, proporcionando assim, uma melhor preparação do jovem para o mercado de consumo. “A orientação é uma maneira eficaz para dar ao jovem uma noção clara sobre débitos e créditos, suas causas e conseqüências”, diz.
Outro fator que pode ajudar a combater a inadimplência desse público, segundo Cosenza, é a eficiência da análise financeira feita pelas credoras quando o crédito for solicitado. “Compete às empresas melhorar as ferramentas de análise de risco, inclusive, porque uma análise de risco melhor ou mais bem feita vai edruzir a inadimplência”, diz. Para Roberto Grejo Júnior, diretor da Assessoria Brasileira de Empresas, ABE, é importante perguntar ao jovem para qual finalidade ele está solicitando o crédito. “Num primeiro momento, isto soa como retração na liberação dos créditos, porém na sua contrapartida, certamente o índice de inadimplência será menor”, conclui.
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