O poder de compra dos brasileiros, tão próspero nos últimos anos, reduziu drasticamente. Um dos fatores determinantes dessa situação foi o aumento da taxa Selic que, apesar de ainda não afetar os rendimentos da poupança, age diretamente sobre os juros praticados pelos bancos e, com isso, os empréstimos ficam mais caros, as pessoas consomem menos e o aumento dos preços vai sendo freado. Tudo isso ocorre para, além de buscar reduzir a inflação, tentar driblar a crise econômica. Dessa forma, o setor de concessão de crédito deve enfrentar uma redução na demanda.
“Em grande medida, a moderação observada no crédito está atrelada a demanda dos agentes, dessa forma, para que o mercado mostre uma dinâmica mais favorável, precisaremos notar uma recuperação dos indicadores de confiança, tanto das famílias quanto das empresas. Com relação à oferta, o sistema financeiro nacional se encontra liquido, portanto, capaz de atender os tomadores”, pesa Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, acerca de alternativas que possam manter o setor de crédito aquecido. Observados estes pontos, Barros crê em uma expansão moderada da carteira de crédito para este ano, passando de 11,3% em 2014 para 9,0%.
Além disso, o risco da inadimplência aumentar é iminente, pois existe um somatório de fatores: aumento da taxa de desemprego, moderação dos ganhos salariais, mudança na composição da carteira de crédito e qualidade da mesma. “Com isso, projetamos que a taxa de inadimplência de pessoa física (excluindo gastos com compras à vista de cartão de crédito) alcance 7,1% no final deste ano”, prevê Barros. Assim, o momento pode não ser positivo para o setor de crédito, mas uma oportunidade para o segmento de cobrança.