As medidas adotadas recentemente pelo Banco Central, relacionadas à redução do compulsório e do fator de ponderação de risco, têm como objetivo aumentar a quantidade de dinheiro no sistema. No entanto, o impacto dessas ações no mercado de crédito divide opiniões. Para Cláudio Gonçalves, professor de administração da Universidade Anhembi Morumbi, os bancos não devem destinar esse dinheiro para crédito. “Considerando o cenário atual da Selic, dificilmente os bancos vão alocar recurso extra para crédito, se a economia está desacelerando. Essas instituições estão ressabiadas com a inadimplência que tiveram em 2009 e 2010. Quando o governo adotou medidas para estimular o crédito”, esclarece.
Segundo Gonçalves, nada muda no crédito enquanto a taxa de juros estiver no patamar de 11% ao ano e o spread bancário nas alturas, o que torna o crédito no Brasil um dos mais caros do mundo. “O PIB, que no início do ano tinha expectativa de crescimento em torno de 3.5%, pelos últimos dados, deve crescer entre 0.5% e 0.8%. Uma quebra abrupta. PIB em queda, Selic no patamar de 11% e o governo necessitando financiar 25% da dívida pública esse ano é o ambiente ideal para os bancos pegarem qualquer recurso em tesouraria e aplicar em título público. Financiar o governo é vantajoso e seguro. Melhor do que correr risco no crédito”, comenta.
Para o professor, o aumento na oferta de crédito requer mudanças na estrutura da economia. “O governo precisa gastar menos, baixar a taxa de juros a patamares internacionais (entre 0.50% e 1.0% a.a.) para incentivar os bancos a procurar os clientes com desejo de emprestar e cobrar juros (prêmio) justo pelo risco que estão correndo”, explica.