Situação de emergência

O volume de empresas com dívidas atrasadas registrou a terceira aceleração consecutiva em maio. De acordo com o indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a quantidade de empresas inadimplentes apresentou crescimento de 8,33% em maio de 2015 na comparação com o mesmo mês do ano passado. A alta é a maior desde julho de 2013 e representa uma aceleração da inadimplência com relação aos números do início do ano quando o indicador oscilava em torno dos 6%.
Na comparação com o mês anterior, o indicador cresceu 1,41% em maio de 2015. Para os especialistas, esse avanço da inadimplência das empresas é reflexo da piora do cenário macroeconômico, que afeta a capacidade de pagamento das famílias e das empresas. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que a dificuldade dos empresários em manter os compromissos financeiros em dia está relacionada à atual conjuntura econômica de baixo crescimento, quedas da produção industrial, além da elevada inflação e altas taxas juros. “O resultado reflete um cenário econômico com menor atividade da economia e maior restrição ao crédito, ambos fatores que afetam a capacidade de pagamento tanto das famílias como das empresas”, comenta.
A abertura dos dados por tempo de atraso das dívidas revela que, em maio, o número de devedores cresceu em todas as faixas, como reflexo da queda da recuperação de crédito e da entrada de novos inadimplentes. O principal destaque do indicador são as empresas com dívidas em atraso entre 91 e 180 dias que cresceram 14,82%, além da alta anual de 13,89% verificada nas dívidas em atraso entre 3 e 5 anos.
Também houve aumento no número de empresas devedoras nas cinco regiões do Brasil, na comparação com maio de 2014: o Nordeste e Sudeste lideraram a alta, com variação de 8,27% e 8,15%, respectivamente; e a região Sul registrou o menor crescimento, de 4,89%. Porém, a maior parte das empresas devedoras está concentrada no Sudeste: 43,49% do total de empresas inadimplentes. De acordo com os especialistas, isso ocorre porque a região responde também pela maior parte do PIB brasileiro. O Nordeste apresenta a segunda maior participação no total de empresas inadimplentes, com 19,43%. 
O número de empresas devedoras também cresceu em todos os setores, na comparação com maio de 2014. O destaque ficou por conta do setor de Serviços, englobando Bancos e Financeiras, e que, como nos meses anteriores, liderou o avanço da inadimplência, com um crescimento de 12,85%. O segundo maior avanço ficou por conta da Indústria, com crescimento 9,63% das empresas devedoras, seguido de Comércio e Agricultura que tiveram, respectivamente, variação de 7,53% e 4,08%. 
O indicador mostra que quase metade das empresas devedoras está concentrada no setor de Comércio (49,42%). “Tal resultado se deve ao importante papel que este setor apresenta na logística da distribuição de produtos. Em muitos casos, são os grandes atacadistas que financiam as vendas”, explica a economista do SPC Brasil. A Agricultura é o setor com menor participação no total de empresas devedoras: apenas 0,67% do total. 
Além do aumento no número de empresas inadimplentes, a aceleração atingiu também a quantidade de dívidas em atraso em nome de pessoas jurídicas: 8,22% em maio deste ano, em relação a maio do ano passado. Foi a maior variação desde agosto de 2013. A aceleração se segue após o indicador ter registrado o menor crescimento na série histórica em janeiro, com uma alta de 3,49%.
Na comparação mensal, frente a abril, a quantidade de dívidas cresceu 1,62%. O indicador mostra que 70,00% das dívidas registradas nas bases do SPC Brasil, em nome de pessoas jurídicas, têm pelo menos um ano de atraso. Porém, as dívidas mais antigas, com 3 a 5 anos de atraso, têm um crescimento bem acima da média e a segunda maior participação no total de dívidas. Na comparação com maio de 2014, o setor credor que mais viu as pendências de pessoas jurídicas aumentarem foi a Agricultura, que registrou crescimento de 21,27%, ainda que tenha a menor participação no total das dívidas de pessoas jurídicas, de 0,13%. 
O setor credor que concentra a maior parte das dívidas de pessoas jurídicas é o setor de Serviços, que engloba Bancos e Financeiras, com expressivos 70,69% do total, seguido de Comércio, com 16,02%. Na divisão por regiões, foi o Sul que obteve um maior crescimento no número de dívidas, com um aumento de 2,15%.

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