Matheus Lins, fotógrafo e fundador da produtora Trinta Dezessete

Do streaming ao scroll: o novo jeito de consumir conteúdo audiovisual

A marca que quiser ser relevante nesse novo cenário precisa entender que não se trata apenas de produzir vídeos, mas criar experiências

Autor: Matheus Lins

O que um filme épico de três horas, um vídeo de gatinho de 15 segundos e a live de vendas de uma marca têm em comum? A disputa pela atenção.

No meio do caos de notificações, plataformas e conteúdos, o público segue assistindo — mas com novas regras. Entender essas regras não é opcional. É questão de sobrevivência para quem trabalha com audiovisual, marketing e branding.

Basta observar os movimentos das gigantes. A Netflix investe bilhões em produções globais, mas já testa conteúdos interativos, formatos curtos e vídeos verticais – inclusive para ajudar a sua audiência a ter uma melhor experiência na hora de escolher o que assistir. O TikTok perdeu o estigma de “vídeos de dancinha” e se firmou não apenas como uma plataforma de entretenimento, mas também como a ferramenta de busca preferida das novas gerações. O Instagram e seus Reels seguem ditando boa parte do que é viral na internet. 

Esses três players apontam para uma mesma direção: o comportamento da audiência está mais dinâmico, fragmentado e mais imprevisível do que nunca. As pessoas assistem séries enquanto mandam mensagens, pulam introduções, abandonam vídeos nos primeiros segundos. Querem impacto rápido, mas também topam mergulhos profundos. Desde que exista conexão.

Atenção fragmentada, exigência elevada

Segundo pesquisa da McKinsey, 71% dos consumidores esperam que as marcas ofereçam experiências imersivas e personalizadas – e 76% se frustram quando isso não acontece. Já de acordo com a Statista, o consumo de vídeo vertical aumentou cerca de 75% nos últimos dois anos. Mas isso não quer dizer que o público esteja menos exigente. Pelo contrário: ele quer tudo, o tempo todo — e com autenticidade.

O mais interessante é que essas mudanças de comportamento não ficam restritas ao digital. A forma como consumimos conteúdo audiovisual está moldando a forma como vivemos. O público está mais sensível ao ritmo, mais intolerante ao tédio, mais exigente em relação à recompensa emocional — dentro e fora da tela.

Plataformas como Tik Tok, Netflix e Instagram entenderam isso rápido. Elas não apenas ajustaram seus algoritmos, mas reformularam os próprios formatos narrativos. Apostaram em vídeos curtos, cortes rápidos, identificação imediata, emoção antes da informação. E estão colhendo os frutos.

Para as marcas, o recado é claro: quem quiser ser relevante nesse novo cenário precisa entender que não se trata apenas de produzir vídeos. Trata-se de criar experiências. De adaptar a linguagem, o ritmo e a entrega ao novo modo de assistir, e sentir, o conteúdo.

Não é sobre criar apenas para vender. É sobre criar para conectar. Quem entende isso sai na frente. Quem ignora, corre o risco de ficar irrelevante — mesmo com orçamento de sobra.

Na minha visão, o que está em jogo não é só a forma como o conteúdo é produzido, mas o papel que ele ocupa na vida das pessoas. E isso muda tudo. Porque agora, mais do que nunca, as histórias precisam competir com a vida real, e ainda fazer sentido.

A pergunta que deixo é: o seu conteúdo está pronto para essa nova lógica de atenção?

Matheus Lins é fotógrafo e fundador da produtora Trinta Dezessete.

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