Gabriela Aguiar, líder de ecossistemas na Plug and Play Brazil

Ecossistemas estratégicos: como marcas B2B podem liderar conexões que geram valor real

Quando uma marca se conecta a ambientes já consolidados, ela se insere em espaços respeitados, com credibilidade construída, o que fortalece automaticamente sua imagem

Autora: Gabriela Aguiar

Pense no surgimento constante de novos nichos de mercado, novas tecnologias e até carreiras que não existiam há alguns anos. Percebe que há um movimento intenso de especialização em todos os setores? As marcas têm um foco cada vez maior em sua proposta de valor, porque esse é o diferencial que as colocam em evidência. Apenas entregar o mesmo que todo mundo não resolve.

Mas a resposta não está em fazer tudo, sem colaboração. Como garantir seu diferencial e cuidar de todas as engrenagens de uma vez? Não dá. E é justamente aí que os ecossistemas colaborativos fazem sentido – e fazem diferença. 

Estar ao lado de empresas e instituições que complementam nossa entrega é, antes de tudo, uma decisão estratégica. Trata-se de somar inteligência e dividir esforços. Mas não qualquer esforço. Falo de construir juntos, com propósito, com visão e com responsabilidade. Esse tipo de associação entre marcas exige alinhamento de valores, governança transparente e objetivos em comum. Há o compartilhamento de reputação entre os parceiros, o que pode ser excelente, assim como pode gerar riscos quando há desalinhamentos ou crises do outro lado.

Tendo isso em mente e cuidando para que cada relação seja construída com responsabilidade, há uma série de benefícios que acompanham essa decisão.

Para começar, a validação por associação: quando uma marca se conecta a ambientes já consolidados, ela se insere em espaços respeitados, com credibilidade construída, o que fortalece automaticamente sua imagem. Em um mundo de vozes disputando atenção, se colocar ao lado de outros atores e instituições com posições sólidas também é uma forma de se fazer ouvir.

Também há uma clara vantagem na geração de leads, uma vez que, ao participar de ecossistemas relevantes, temos acesso a novos públicos qualificados. Isso torna o processo de atração natural e eficiente, tanto para um lado da parceria quanto para o outro. Trata-se de estar no lugar certo, com a escuta aberta, no momento oportuno. 

É uma relação de troca, afinal. Ao invés de abordar alguém do zero, estamos nos conectando com pessoas mais receptivas a ouvir sobre nossas soluções. Além disso, as indicações entre parceiros ajudam a encurtar etapas importantes e acelerar a tomada de decisão.

Outro benefício da colaboração estratégica está em resultados mais robustos, pois se torna possível focar no que fazemos melhor, nosso core business. Os parceiros  complementam com expertises técnicas ou científicas, por exemplo — já tive experiências precisamente com institutos de ciência e tecnologia no qual foi possível acessar laboratórios, validações técnicas e conhecimento que seriam inacessíveis de outra forma. E, quando esses parceiros já fazem parte do nosso ecossistema, surge uma relação de confiança e de encontro de saberes, que tornam os processos mais ágeis, orgânicos e menos burocráticos. 

Aliás, isso tudo também dilui riscos do negócio, já que o conhecimento compartilhado permite antecipar erros, prever gargalos regulatórios e desenvolver soluções mais alinhadas às necessidades reais do mercado. É especialmente relevante em casos que exigem acompanhamento de diferentes setores para funcionar, como, por exemplo, soluções de mobilidade. Desde a Uber até os patinetes para locação nas ruas mostram a importância do acompanhamento do setor público desde o início.

Todas essas vantagens chegam com tempo e dedicação. Como qualquer relacionamento, essas conexões entre marcas precisam de tempo, trocas e presença ativa. Muitas vezes, ações pontuais podem evoluir para uma parceria duradoura. Mesmo projetos não contínuos podem se transformar em um bom relacionamento, pois, a cada nova oportunidade, o mesmo parceiro é lembrado. Vivo esse cenário com frequência com grupos de graduação, MBA ou executivos de universidades como Oxford, Copenhagen Business School ou Ivey Business School, entre outras instituições. Não é sempre que surgem chances de colaborar e trocar conhecimento, mas, quando há a possibilidade, um está sempre no topo da lista do outro.

Se uma colaboração mais ativa e contínua for possível, melhor ainda, só não deixe a peteca cair. É preciso manter a rede viva! Projetos conjuntos, eventos colaborativos e entregas integradas ajudam a manter o público engajado e reforça a relevância de todos os envolvidos.

Em mercados tão saturados de informação, essas conexões estratégicas são fundamentais para não ficar para trás. E nada mais estratégico do que caminhar junto de quem te impulsiona.

Gabriela Aguiar é líder de ecossistemas na Plug and Play Brazil.

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