Com o avanço dos ambientes virtuais, fraudes em bilhetagem e controle de acesso infelizmente também se sofisticaram
Autor: Tironi Paz
A digitalização de eventos e serviços é uma realidade irreversível. Ingressos físicos foram substituídos por QR Codes dinâmicos, guichês por plataformas online e o público passou a esperar experiências cada vez mais fluidas, conectadas e seguras. Essa transformação, embora extremamente positiva, trouxe também novos desafios. A segurança, antes focada no controle físico, precisou migrar para um campo digital muito mais complexo e vulnerável.
Com o avanço dos ambientes virtuais, fraudes em bilhetagem e controle de acesso infelizmente também se sofisticaram. Clonagem de códigos, revendas indevidas, uso de credenciais compartilhadas ou roubadas, acessos múltiplos não autorizados e identidades falsas são apenas algumas das práticas que impactam diretamente as operações. Segundo levantamento do Ticketing Business Forum, até 12% dos ingressos digitais emitidos para grandes eventos na América Latina já foram alvo de alguma irregularidade. Já a Gartner estima que os crimes cibernéticos devem gerar perdas superiores a US$ 10 trilhões por ano até 2025, uma cifra que inclui, também, fraudes em bilhetagem digital e acessos indevidos.
Diante disso, a segurança digital deixou de ser uma preocupação técnica e passou a ser um fator estratégico. Empresas e instituições que lidam com grandes públicos, dados sensíveis ou operações críticas precisam de soluções robustas, capazes de rastrear, prevenir e responder a riscos em tempo real.
Tecnologias como inteligência artificial, biometria facial, QR Codes com autenticação multifatorial e monitoramento preditivo estão sendo integradas a sistemas de controle de acesso em larga escala. Presentes em estádios, rodoviárias, aeroportos, parques, transportes coletivos, centros de eventos e órgãos públicos, esses sistemas não apenas aumentam a segurança como também otimizam a gestão para quem está por trás de tudo.
Um dos maiores ganhos é a rastreabilidade. Cada transação, do momento da compra até a validação do ingresso, é registrada digitalmente. Isso permite identificar comportamentos suspeitos, acionar bloqueios automáticos e gerar relatórios de auditoria em tempo real, sem comprometer a fluidez da experiência para o usuário. A operação ganha agilidade, e os gestores ganham inteligência de dados para melhorar o planejamento e a tomada de decisão.
De olho nesse potencial, o mercado tem reagido. Segundo o Biometric Update, 47% dos locais de eventos e esportes no mundo devem priorizar a adoção de biometria facial até 2025. A Grand View Research projeta que o mercado global de prevenção a fraudes vai saltar de US$ 33,1 bilhões em 2024 para mais de US$ 90 bilhões em 2030. Já a Markets and Markets estima que soluções antifraude movimentarão US$ 63,2 bilhões até 2029, com crescimento anual acima de 17%. A biometria sem contato, aplicada a bilhetagem e transporte, cresce a uma taxa média de 13,9% ao ano.
Mas nenhuma tecnologia é eficaz de forma isolada. Segurança é resultado de um ecossistema integrado que combina infraestrutura de ponta com políticas claras de governança, respeito à privacidade dos dados e capacitação contínua das equipes. A adesão do público também depende de transparência e confiança , especialmente quando se trata de autenticações biométricas.
O futuro da bilhetagem e do controle de acesso está diretamente ligado à tecnologia, mas não apenas à sua presença. O que fará a diferença será a forma como ela é usada: para proteger, agilizar, analisar e evoluir. Soluções que apenas digitalizam processos já não são suficientes. É preciso que elas sejam inteligentes, rastreáveis e responsivas, capazes de atuar de forma preventiva e adaptativa diante de um cenário de riscos dinâmicos.
Segurança e fluidez não são objetivos conflitantes, são complementares. Proteger a entrada de um estádio, o embarque em uma rodoviária ou o acesso a um parque não pode significar criar barreiras para quem está autorizado. A boa tecnologia é aquela que integra controle e experiência, rigor e eficiência, proteção e confiança. E por isso também a importância de contar com empresas especialistas na implementação dessas tecnologias.
Mais do que um investimento, a adoção dessas soluções é um compromisso com o público. E, em um mundo cada vez mais digital, confiança é o ativo mais valioso que uma organização pode oferecer.
Tironi Paz é CEO da Imply Tecnologia.