Estudo mostra também que a geração X é atualmente a que mais gasta e deve manter essa liderança até 2035
A inteligência artificial e outras tecnologias de última geração têm se tornado cada vez mais influentes no consumo dos brasileiros. Segundo a NielsenIQ, 49% dos consumidores aceitam recomendações de compra feitas por um assistente de IA. A descoberta faz parte da pesquisa inédita da NIQ chamada “The X Factor”, realizada em colaboração com a World Data Lab (WDL), com foco no comportamento de consumo da geração X — formada por pessoas nascidas entre 1965 e 1980.
A IA também exerce outros impactos no consumo diário: 50% dos brasileiros a utilizam para automatizar e acelerar decisões de compra. Mesmo assim, ainda há desconfiança em relação ao uso da tecnologia. O levantamento mostrou que 58% dos brasileiros evitam compartilhar detalhes pessoais em interações virtuais por não confiarem nas políticas de privacidade de dados das empresas de IA. A pesquisa também registrou desconforto no atendimento feito por IAs: 52% dos participantes preferem esperar por um suporte humano e evitar interagir com alguma Inteligência Artificial ou uma operadora de serviço ao cliente.
Outras tecnologias de ponta também são amplamente utilizadas pela geração X. Na área da saúde, por exemplo, 70% dos respondentes monitoram o bem-estar por meio de aplicativos de gerenciamento, enquanto 38% usam wearables que rastreiam dados de comportamento, como smartwatches e dispositivos semelhantes.
A realidade aumentada também tem estimulado o consumo: 38% dos brasileiros entrevistados disseram já ter comprado produtos ou contratado serviços a partir de uma experiência com essa tecnologia. Permitir que aparelhos inteligentes (como geladeiras e outros eletrodomésticos) peçam produtos quando necessário é uma prática de 38% dos respondentes.
Saúde, bem-estar e meio ambiente são tópicos que orientam as escolhas da geração X na hora das compras. Na alimentação, por exemplo, 74% das pessoas disseram ter começado ou aumentado o consumo de vitaminas e suplementos para melhorar a saúde e o bem-estar. Outros 33% disseram se estressar muito com a escolha e o preparo da comida do dia a dia.
Em relação ao cuidado com o planeta, 72% dos brasileiros dizem comprar produtos com eficiência energética ou baixo custo de funcionamento. A troca por vendedores ou provedores com opções mais sustentáveis é uma opção para 64%.
A pesquisa também permitiu outros insights sobre o padrão de consumo do brasileiro. Apenas 4% da população afirmou poder gastar livremente na hora de fazer compras, enquanto outros 45% se disseram confortáveis e capazes de comprar itens apenas porque desejam.
Objetividade é um ponto importante para a geração X: 30% dos respondentes disseram que só compram o que necessitam, sem pensar muito a respeito de marcas ou origem dos produtos. Estar “fora da curva” e ser o primeiro a testar coisas novas é um desejo de 11% dos consumidores brasileiros. Além disso, 40% deles pesquisam por novidades para se manterem atualizados sobre os novos produtos do mercado.
Apesar dessa postura predominante na geração X, 31% tentam novas alternativas nas compras, mas não saem de casa com esse intuito. Apenas 18% raramente compram coisas novas e preferem se manter na zona de conforto, sem correr o risco de adquirir algo que possa não lhes agradar.
Uma geração esquecida
A pesquisa revelou que a geração X é, ao mesmo tempo, a mais influente e a menos percebida pelas marcas para os próximos dez anos. O poder de compra desse grupo deve atingir US$ 15,2 trilhões em 2025 e chegar a US$ 23 trilhões em 2035. O estudo aponta ainda que a geração X é a que mais gastou no mundo desde 2021. Só neste ano, o gasto deles ultrapassa em 40% o da geração Z.
O estudo também identificou que o padrão de consumo da geração X é fortemente influenciado pela posição que ocupam na sociedade como “cuidadores” — muitas vezes responsáveis por crianças e pais idosos. Por isso, conveniência e preço são prioridades para esse público, que precisa gerenciar diversas demandas simultaneamente.
Os comportamentos de compra da geração X variam de acordo com o nível de desenvolvimento dos mercados. Na América do Norte, esse grupo segue como o principal motor do consumo até 2033 — nos Estados Unidos, os lares da geração X gastam mais do que os de boomers ou millennials na maioria das categorias de bens de consumo, com concentração dos consumidores mais ricos nos centros urbanos.
Na Europa Ocidental, a geração domina o mercado no Reino Unido e na Alemanha, com destaque para os segmentos de saúde e beleza, alimentos congelados e viagens. Já na Ásia-Pacífico, os gastos da geração X atingem seu auge na China, enquanto millennials e geração Z lideram o consumo na Índia. Na América Latina, o Brasil deve se tornar uma economia liderada pela geração X até 2028, ao passo que o México já é impulsionado pelas gerações mais jovens.
“A geração X no México está redefinindo o consumo com decisões conscientes, tecnológicas e centradas em valor. Para as marcas, conectar-se com essa geração não é apenas uma oportunidade comercial: é uma forma de construir confiança, relevância e lealdade em uma fase de alto poder aquisitivo e influência familiar”, comentou Raquel Jiménez, diretora de customer success da NielsenIQ México.

								



















