Segundo pesquisa da Ilumeo, cresce o apetite por atividade física em 2025 e redes de academias ganham protagonismo na preferência do público
O cenário da atividade física no Brasil aponta para uma expansão ainda maior nos próximos meses. Segundo pesquisa da consultoria de dados Ilumeo, 73% dos brasileiros afirmam que pretendem aumentar a prática de exercícios físicos ainda em 2025, mesmo entre aqueles que já começaram esse movimento no primeiro semestre. E nem mesmo o inverno parece intimidar os mais empolgados: 51% dos que desejam intensificar a prática querem começar já em julho e agosto.
Entre as principais motivações para isso estão as férias ou recesso (36%) e a maior flexibilidade de horários durante o período (39%). Já entre os que preferem esperar mais, os motivos predominantes são o clima mais agradável (34%) e o desejo de estar em forma para o verão (28%). Embora esse potencial de crescimento chame atenção, os dados também indicam que o movimento já começou: 21% dos brasileiros afirmaram começar a se exercitar neste ano, e 42% aumentaram a frequência das atividades.
O crescimento revela dinâmicas distintas por classe social. Nas classes AB, boa parte já praticava e apenas intensificou o ritmo. Já nas classes CDE, o dado mais relevante é o número de novos praticantes: 30% começaram a se exercitar em 2025. “Muito se fala sobre uma ‘gourmetização’ da atividade física, com a ascensão das corridas de rua, suplementos e academias boutique. Mas os dados mostram que há também uma onda de democratização: cada vez mais pessoas das classes CDE estão se movimentando e entrando nesse mercado”, analisou Diego Senise, CEO da Ilumeo e professor da USP.
Como isso impacta academias e marcas do setor?
O estudo também analisou a relação dos consumidores com as academias, com dados relevantes para decisões de posicionamento e diferenciação: entre os que praticam exercícios e frequentam academias, 58% preferem academias de rede, enquanto apenas 21% preferem academias independentes (de bairro).
Sobre o fenômeno das academias de rede, Senise comenta que “essas redes oferecem mobilidade, conveniência e estrutura, mas vão além disso. Elas constroem pertencimento e status. Treinar em uma determinada academia, postar uma foto lá, diz algo sobre quem você é ou quer ser. É um trabalho também de posicionamento de marca: algumas querem ser percebidas como ‘raiz’, outras como ‘bodybuilder’, outras como ‘wellness’ ou até mais descoladas. E isso vai além da estética ou atendimento — são atributos que devem ser comunicados e mensurados com consistência. Nesse sentido, as redes têm uma vantagem de investimento e estrutura de marketing considerável.”
Nesse cenário, o domínio da Smart Fit é expressivo: a marca foi citada como a academia preferida por 56% dos entrevistados, dentre as pesquisadas. Segundo os dados de benchmark da plataforma Delfos, da Ilumeo, esse nível de preferência é comparável ao da Netflix entre os streamings ou da Heineken entre as cervejas premium. A segunda marca mais preferida varia de acordo com a localidade: Selfit no Nordeste; Engenharia do Corpo no Sul; Panobianco em São Paulo; e Pratique em Minas Gerais.
“De um lado, os dados são uma ótima notícia para a Smart Fit, que se consolida como a principal referência do setor. De outro, revelam o nível de competitividade para as demais marcas. Quem quiser ‘quebrar a arrebentação’ nesse mercado precisa ir além da expansão geográfica — é essencial ter capital para investir em comunicação e abertura de novas unidades. Mas também é preciso pensar no que, na prática, pode diferenciar sua proposta das outras já consolidadas”, avaliou Senise.
Nesse sentido, o estudo também investigou lacunas e desejos do público na oferta de serviços. Quando questionados sobre o que gostariam que sua academia oferecesse (e ainda não oferece), os destaques foram: acompanhamento nutricional (36%); e massagem e serviços de recuperação muscular (32%).