Paulo Alouche, vice-presidente comercial da Simpress

O futuro do trabalho: tecnologia, bem-estar e produtividade na era digital

Na corrida por produtividade, empresas precisarão equilibrar automação, saúde mental e gestão ambiental, ou ficarão para trás

Autor: Paulo Alouche

Apenas 27% dos trabalhadores mantêm uma relação verdadeiramente saudável com o trabalho, segundo pesquisa conduzida pela HP em parceria com a Edelman Data & Intelligence. Esse dado reforça uma constatação cada vez mais urgente: os modelos tradicionais de organização do trabalho deixaram de responder às necessidades de uma economia digital, conectada e centrada em pessoas.

Neste novo paradigma, o bem-estar do colaborador emerge como peça central da equação. A lógica é simples — e poderosa: quando as pessoas prosperam, os negócios acompanham. Mais do que um ganho em empatia, esse movimento representa uma mudança estrutural, em que a tecnologia deixa de ser apenas instrumento de produtividade e se consolida como aliada no equilíbrio entre desempenho, qualidade de vida e realização profissional.

A transformação digital não está mais restrita à área de TI. No Brasil, a adoção acelerada de soluções inteligentes — de plataformas de automação a equipamentos com inteligência artificial embarcada — tem redesenhado a própria arquitetura do trabalho. Nesse processo, o RH ganha protagonismo como curador de experiências, cultura e performance.

O modelo ideal para essa nova realidade se sustenta na personalização das jornadas, na promoção de uma colaboração significativa entre equipes e no uso de plataformas tecnológicas otimizadas, capazes de oferecer suporte estratégico e experiências mais fluidas no dia a dia de trabalho.

O primeiro pilar reconhece a diversidade de perfis, ritmos e contextos dos profissionais. Apenas 26% dos trabalhadores se dizem plenamente satisfeitos com os recursos disponíveis em seus escritórios — o que reforça a urgência por ambientes ajustáveis. Soluções como notebooks com IA, suporte premium e ferramentas de trabalho adaptáveis viabilizam a personalização real da experiência de cada colaborador.

O segundo diz respeito à qualidade da interação humana. A consolidação do trabalho híbrido tornou essencial que os espaços físicos se transformem em hubs de conexão e cultura, equipados com tecnologias imersivas de áudio e vídeo. Não se trata apenas de manter a produtividade, mas de fortalecer os vínculos entre equipes geograficamente dispersas — elemento essencial para engajamento e retenção.

Já o terceiro — frequentemente negligenciado — trata da TI como motor de inovação organizacional. Com 82% das empresas considerando a experiência digital dos colaboradores como crítica ou muito importante, e 93% dos CIOs buscando soluções integradas para garantir eficiência e segurança, fica claro que a infraestrutura tecnológica precisa ser desenhada com foco em gente, e não apenas em sistemas.

Esse avanço tecnológico tem impulsionado a criação de novas funções no mercado — como analistas de IA, curadores de dados, especialistas em automação e integradores de modelos generativos. RHs estratégicos têm o desafio de formar, reter e dar suporte a esses talentos em tempo real, com políticas que alinhem propósito, aprendizado contínuo e clareza de carreira.

Ao mesmo tempo, o conceito de local de trabalho evolui. O escritório deixa de ser um centro único de operação e passa a compor um ecossistema com três núcleos: o lar (foco e autonomia), o escritório (colaboração e cultura) e os espaços móveis (flexibilidade e conexão segura). O trabalho híbrido, portanto, não é uma transição, mas uma vantagem competitiva.

No centro dessa mudança está o RH em parceria com TI — uma aliança que permite aos gestores abandonar tarefas repetitivas e focar no que realmente importa: estratégia, pessoas e impacto. Modelos como PC as a Service (PCaaS), cada vez mais adotados inclusive na esfera pública, traduzem essa evolução. Ao transformar grandes investimentos de capital em despesas operacionais previsíveis, viabilizam ambientes modernos e sustentáveis — tanto do ponto de vista financeiro quanto ambiental.

Essa transformação não é isenta de obstáculos. O fim do suporte ao Windows 10, previsto para outubro de 2025, por exemplo, expõe o risco de obsolescência tecnológica em escala global — com 43% dos computadores empresariais ainda abaixo dos requisitos mínimos para o Windows 11. O impacto estimado de até 480 mil toneladas de lixo eletrônico pressiona não apenas orçamentos, mas também compromissos ESG.

O futuro do trabalho exige mais do que novas ferramentas. Ele demanda um ecossistema inteligente que una experiência humana, inovação tecnológica, governança de dados e responsabilidade socioambiental. Empresas que internalizarem essa lógica — colocando o bem-estar no centro das decisões, amparadas por modelos flexíveis e tecnologias avançadas — estarão não apenas prontas para o amanhã, mas liderando a construção de um novo presente.

Paulo Alouche é vice-presidente comercial da Simpress.

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