
Há alguns dias tive a necessidade de pagar uma conta de valor um pouco mais alto que o habitual. Ao tentar fazer a transação, veio a mensagem: “pagamento excede o seu limite diário”. Ou seja, não podia pagar uma conta por meio de cobrança escritural, aceita por mim, emitida pelo meu banco, em meu nome, por meio de minha própria conta corrente, onde informo além da senha eletrônica, o número do token e chave do cartão. Deveria ser segurança suficiente. Mas não é. Ligo para a gerente do banco e peço para que autorize o pagamento. “O sistema não permite. É uma questão de segurança”. Qual a causa raiz do meu problema? Manter a segurança evitando fraudes que podem ocorrer quando se pagam contas de valor maior que determinado limite por meio da Internet. Qual a solução dada? Emitir um boleto na minha agência, enviar por meio de um portador para que eu possa ir a qualquer agência pagar a conta. Contando este caso para um cliente, o comentário foi “então o seu problema foi resolvido!”. Não acho. Ele foi contornado. A solução será dada no dia em que o banco resolver a questão da segurança de outra forma que não limitando a ação do cliente.
Nas centrais de atendimento, a busca pela métrica perfeita faz com que uma alternativa de contorno tome o lugar de uma solução de fato somente para que o número de solicitações atendidas no primeiro chamado seja alto. É muito raro ver uma central de serviços onde a causa-raiz é pesquisada e resolvida ao mesmo tempo em que é muito comum ligar para essa mesma central reclamando-se de problemas que voltam a ocorrer inúmeras vezes. As centrais preferem interpretar de forma pontual os problemas do que analisá-los em profundidade e realmente resolvê-los. Se as empresas percebessem o quanto perdem com isto poderíamos ter um cenário diferente. Contudo, ainda sou cético em relação a melhorias. Parece que é mais fácil e barato considerar a alternativa de contorno como solução do que buscar e resolver a causa-raiz do problema.
Este comportamento leva a conclusões muitas vezes falsas e quase sempre dá prejuízo real. Mas para percebê-lo deveremos ter outras métricas as quais ainda são colocadas em segundo plano.
Este comportamento leva a conclusões muitas vezes falsas e quase sempre dá prejuízo real. Mas para percebê-lo deveremos ter outras métricas as quais ainda são colocadas em segundo plano.
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Enio Klein é professor nas disciplinas de vendas e marketing da Business School São Paulo – BSP, diretor da K&G Sistemas e general manager da operação da SalesWays no Brasil.