Estudo da Up Brasil mostra também que, enquanto 85% dos profissionais de RH acreditam que suas empresas têm programas estruturados de bem-estar, apenas 45% dos colaboradores compartilham dessa visão
O reconhecimento desponta como o principal fator de bem-estar no ambiente de trabalho, superando até mesmo os benefícios tradicionais, como os voltados à saúde. É o que mostra a pesquisa “Bem-estar Corporativo 2025”, realizada pela Up Brasil junto a 1.236 profissionais de diferentes perfis e regiões do país.
De acordo com o levantamento, 52,1% dos entrevistados apontam o reconhecimento como o elemento mais importante no trabalho, superando em 18,2 pontos percentuais o benefício de alimentação (33,8%). Ainda assim, 20% dos profissionais dizem sentir falta de reconhecimento.
“Todos sabemos que o reconhecimento na vida profissional é essencial e tem impacto direto na produtividade. Porém, muitas empresas ainda deixam a desejar, com políticas de promoções e premiações pouco claras. É como saber que o exercício físico faz bem e mesmo assim não sair do sedentarismo. Um paradoxo onde a consciência não se traduz automaticamente em ação”, comentou Thomas Pillet, CEO da Up Brasil.
Desconexão entre RH e colaboradores
Outro dado relevante da pesquisa é o grande abismo de percepção entre áreas de Recursos Humanos e colaboradores: 85% dos profissionais de RH acreditam que suas empresas têm programas estruturados de bem-estar, enquanto apenas 45% dos colaboradores compartilham dessa visão.
A discrepância também aparece quando se trata da eficácia desses programas: 78% dos profissionais de RH os consideram eficazes, contra apenas 32% dos funcionários. “É como se RH e colaboradores estivessem falando idiomas diferentes dentro da mesma empresa. Isso compromete a efetividade de qualquer iniciativa”, afirmou o executivo.
A pesquisa também revela que 29,7% dos trabalhadores não sabem onde suas empresas investem em bem-estar, enquanto entre os profissionais de RH esse índice é de apenas 8%. Isso representa um gap de 64 pontos percentuais, indicando uma falha grave de comunicação. “Quase 30% dos brasileiros não sabem onde sua empresa investe em bem-estar. É um desperdício de recursos gigantesco. Não adianta investir se ninguém percebe. Comunicação efetiva é tão importante quanto o programa em si”, afirmou Pillet.
Nuances do reconhecimento
Apesar de ser o fator mais valorizado de forma geral, o reconhecimento tem pesos diferentes conforme o perfil dos profissionais:
Por cargo/renda: 71,4% dos executivos valorizam o reconhecimento, contra 48,2% dos operacionais.
Por escolaridade: 71,4% dos que têm mestrado/doutorado priorizam o reconhecimento, ante 42,3% dos que têm ensino fundamental.
Por gênero: Homens (57,7%) valorizam mais reconhecimento que mulheres (52,9%).
Por geração: Profissionais com mais de 55 anos (56,8%) demonstram maior valorização do reconhecimento que os mais jovens, com menos de 25 anos (51,0%).
Segundo Mariana Cerone, CMO da Up Brasil, “esses dados quebram mitos. Mostram, por exemplo, que homens valorizam mais o reconhecimento que mulheres, contrariando o estereótipo de que são menos emocionais. E que os mais velhos, não os jovens, lideram na valorização do feedback. É um alerta importante para quem quer reter talentos diversos”.
Novo conceito de bem-estarA pesquisa também evidencia uma redefinição necessária do conceito de bem-estar corporativo. Quando questionados sobre o que significa bem-estar no trabalho, 11,6% dos respondentes mencionaram aspectos emocionais, como equilíbrio, tranquilidade e propósito. Outros 8,9% citaram respeito. Já a saúde física foi lembrada por apenas 3,5% dos participantes, o que gera uma proporção de 3 para 1 entre dimensões emocionais e físicas. “Bem-estar no trabalho é três vezes mais emocional que físico. Enquanto investimos em academias e nutricionistas, deveríamos investir mais em programas de reconhecimento e saúde mental. É um novo conceito de bem-estar trazendo uma reorientação necessária e urgente“, concluiu o CEO.