Os clientes esperam que seus parceiros ajudem a reduzir os riscos das operações e contribuam para objetivos ESG mais amplos
Autor: Carlos Álvarez
Em um ambiente caracterizado pela crescente complexidade, pela demanda por agilidade e resiliência, assim como por soluções sustentáveis, as cadeias de suprimentos estão sob mais pressão do que nunca para oferecer não apenas produtos, mas valor real. No entanto, para muitas organizações, a orientação ao cliente continua sendo mais uma aspiração do que um princípio de design. A excelência nas cadeias de suprimentos deve ser redefinida agora, não como uma medida de eficiência interna, mas como um reflexo de como servimos, colaboramos e crescemos com nossos clientes.
A orientação ao cliente costuma ser equiparada à capacidade de resposta: rapidez, flexibilidade e foco no serviço. Embora essas características sejam essenciais, já não são suficientes. Uma cadeia de suprimentos verdadeiramente centrada no cliente não é reativa, mas co-criada. Antecipando necessidades e oferecendo resultados alinhados com os objetivos gerais do cliente, seja para reduzir o impacto ambiental, alcançar eficiências operacionais, gerar novas fontes de receita ou gerenciar o risco geopolítico.
Para alcançar isso, precisamos escutar com mais profundidade. Compreender não apenas o que pedem, mas também o porquê. O que tira o sono deles? O que estão tentando alcançar? O que os impede de avançar? Esse nível de conhecimento não pode ser obtido apenas com planilhas ou pesquisas. Requer confiança, colaboração e parcerias estratégicas com visão de longo prazo. Em alguns setores da cadeia de suprimentos essa mudança já começou.
Das transações à transformação
As cadeias de suprimentos mais resilientes e com visão de futuro atualmente não operam como unidades independentes, mas como ecossistemas. As parcerias estratégicas se tornaram a nova base para a excelência. E por “parcerias” não me refiro a relações transacionais, mas a colaborações de risco e valor compartilhado, nas quais ambas as partes investem no sucesso a longo prazo.
Esses acordos prosperam graças ao alinhamento de objetivos e à disposição para inovar em conjunto. São especialmente eficazes quando múltiplos atores, como fornecedores, clientes e até mesmo concorrentes, colaboram para resolver desafios que ninguém consegue enfrentar sozinho.
A inovação desempenha um papel fundamental nessa transformação. Mas, para que seja significativa, deve começar pelo cliente. As melhores inovações são aquelas baseadas em necessidades reais. Simplificam as operações, aumentam a visibilidade e ajudam a tomar decisões mais inteligentes e rápidas.
Tomemos como exemplo os paletes. Para que os clientes possam ter maior visibilidade e controle sobre o transporte de seus produtos, desenvolvemos programas-piloto que nos permitirão obter dados em tempo real e informações para ajudar as empresas a tomar decisões relevantes sobre o gerenciamento de estoque, distribuição e chegada ao mercado. Isso é possível graças a dispositivos de monitoramento e rastreamento implementados nos paletes, permitindo que as empresas aprimorem o uso de recursos e minimizem o impacto ambiental, além de otimizar as operações logísticas. Esse é um claro exemplo de inovação nascida da colaboração e focada em resolver os desafios tangíveis da cadeia de suprimentos.
Também estamos observando uma mudança no significado de “excelência”. Durante anos, as cadeias de suprimentos foram otimizadas com base em custos e eficiência. No entanto, esse modelo demonstrou ser frágil diante de crises globais. Hoje em dia, o mercado precisa equilibrar eficiência com resiliência e ambições de sustentabilidade.
Os clientes esperam que seus parceiros ajudem a reduzir os riscos das operações e contribuam para objetivos ESG mais amplos, pois não se trata apenas de responsabilidade, mas de uma fonte de vantagem competitiva. Um estudo publicado no Journal of Business Research concluiu que as capacidades tecnológicas e a visibilidade da cadeia de suprimentos melhoram positivamente a resiliência do setor, o que, por sua vez, influencia a sustentabilidade. O estudo enfatiza que a colaboração e o desenvolvimento de capacidades tecnológicas são essenciais para alcançar cadeias de suprimentos resilientes e sustentáveis.
A inovação começa com a escuta ativa e se consolida por meio de parcerias estratégicas. Por isso é importante manter um contato ativo com clientes, parceiros e líderes do setor e convidá-los para cocriar soluções que transformem a forma como operamos, colaboramos e crescemos.
Carlos Álvarez é diretor de estratégia, marketing e sustentabilidade da CHEP para a América Latina.