Antonio Alberto Aguiar (Tombé), diretor executivo de estabelecimentos da Pluxee no Brasil

Quem você realmente alimenta quando oferece um benefício alimentação ou refeição?

Apesar de sua relevância, o valor médio dos benefícios está longe de cobrir o custo real da alimentação no Brasil

Autor: Antonio Alberto Aguiar (Tombé)

Quando uma empresa oferece um benefício de alimentação, seja o vale-alimentação ou o vale-refeição, o impacto vai muito além do colaborador que o utiliza. Por trás de cada refeição estão histórias de famílias, pequenos negócios e cadeias de produção que se mantêm ativos, fortalecendo a economia local. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) e o IBGE, o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) abrange mais de 24 milhões de trabalhadores em mais de 470 mil empresas, contando com mais de um milhão de estabelecimentos credenciados, em sua maioria pequenos e médios negócios. 

Assim, o que parece apenas mais um item no pacote de benefícios, se revela uma poderosa ferramenta de transformação social e econômica, gerando tributos e conectando empresas, trabalhadores e comunidades. 

Quando o benefício não é suficiente

Apesar de sua relevância, o valor médio dos benefícios está longe de cobrir o custo real da alimentação no Brasil — tanto nas refeições do dia a dia quanto no abastecimento da despensa.

No caso do vale-refeição, que garante o acesso a uma refeição de qualidade durante a jornada de trabalho, a pesquisa Retrato do Trabalhador Formal, da Pluxee, revela que 52% dos trabalhadores precisam complementar o benefício com recursos do próprio bolso. Enquanto o valor médio pago pelas empresas é de R$ 533, uma refeição no país custa, em média, R$ 51,61 — o que, para 20 dias úteis, gera um gasto de mais de R$ 1 mil mensais. 

Já o vale-alimentação, que permite ao trabalhador fazer compras para abastecer a despensa de casa com alimentos para toda a família, também mostra um descompasso: 62% dos trabalhadores complementam o valor com parte do salário para fechar o mês. Em média, as empresas oferecem R$ 537 mensais, enquanto o custo da cesta básica, de acordo com o Dieese, é de cerca de R$ 740 — quase 35% acima do benefício.

Esse cenário mostra que o desafio vai além da quantidade. Com recursos próprios para complementar os benefícios, o orçamento não fecha e a qualidade da alimentação é uma das primeiras a ser comprometida, afetando saúde, produtividade e engajamento no trabalho. Para muitos, a escolha é entre comer bem ou pagar outras contas. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), embora o Brasil tenha saído do Mapa da Fome, 50,2 milhões de brasileiros ainda não têm condições de pagar por uma alimentação saudável. Dados do IBGE reforçam o alerta: 27,6% dos lares no país enfrentam algum grau de insegurança alimentar, que vai desde a preocupação com a compra de comida até a falta de alimentos suficientes para todos. 

Ou seja, o desafio não é apenas colocar comida no prato, mas garantir que ela seja nutritiva, equilibrada e sustentável. Nesse contexto, empresas que investem em benefícios mais robustos cumprem um papel estratégico: aliviam o orçamento doméstico, promovem bem-estar e criam condições para maior produtividade e engajamento.

Um efeito que se espalha

Existe ainda o efeito multiplicador, difícil de medir em números. Pequenos restaurantes, padarias, mercearias e supermercados, muitas vezes parte da história dos bairros, encontram no vale-refeição e no vale-alimentação um canal de fluxo financeiro estável, que ajuda a manter portas abertas e empregos gerados. Dessa forma, os benefícios conectam empresas, trabalhadores e economia local em um círculo virtuoso onde todos ganham.

No fim, a pergunta que abre este texto não é apenas retórica. Quem oferece benefício alimentação e refeição não sustenta apenas um colaborador. Alimenta famílias, negócios, comunidades e, em última instância, a competitividade do país. Os benefícios, quando visto em sua real dimensão, não são apenas sobre alimentação, mas sobre cuidado, inclusão e impacto social.

Antonio Alberto Aguiar (Tombé) é diretor executivo de estabelecimentos da Pluxee no Brasil.

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