Para atender à resolução, as companhias terão que implementar um trabalho conjunto das áreas de TI, risco e compliance, contabilidade, entre outras
Autor: Eduardo Tambellini
A resolução 4966 do Banco Central (BC), que entrou em vigor em 01 de janeiro de 2025, tem o objetivo de oferecer mais lisura e transparência às regras contábeis das instituições financeiras e, consequentemente melhorar a análise de risco inerente ao negócio, o que melhora a confiança de investidores e reguladores. Essa é a visão geral da resolução. Mas o que muda, de fato, para o cliente final?
As regras, inspiradas nas melhores práticas internacionais, exigem uma reestruturação em processos e operações. A relação pode parecer distante, mas não é. A mudança regulatória obriga as instituições financeiras a anteciparem cenários de inadimplência e provisionar perdas antes mesmo da dívida se tornar um problema real, o que impacta diretamente em estratégias de cobrança e recuperação de crédito.
Ao adotarem o modelo de perdas esperadas, as instituições precisam aprimorar seus processos de avaliação de crédito e monitoramento contínuo dos clientes. Além disso, a necessidade de classificar os ativos financeiros conforme os novos critérios, impõe às instituições que revisem suas políticas de concessão e cobrança, assegurando conformidade com as novas exigências regulatórias.
Com esse mapeamento, as formas de cobrança terão uma abordagem mais proativa influenciando as estratégias de recuperação de crédito e refinando os planos de negociação ou renegociação conforme o risco identificado.
O gerenciamento de diferentes perfis de clientes criará estratégias mais eficazes e pertinentes ao modelo de vida e fase do consumidor. Porém, para atender à resolução, as companhias terão que adaptar processos internos para corrigir rotas e atender plenamente às novas regras, como por exemplo, implementar um trabalho conjunto das áreas de TI, risco e compliance, contabilidade, entre outras. O intuito é integrar as informações e promover o cruzamento de dados e informações, o que consequentemente, requer investimentos em tecnologia e análise de dados.
A medida oferece inúmeras oportunidades de aprimorar as estratégias de crédito e a médio e longo prazo trará transparência às relações e equilíbrio entre segurança financeira e de crédito, além da manutenção de uma oferta de serviços acessíveis e hiperpersonalizados aos consumidores.
Eduardo Tambellini é consultor de negócios da Fico.