A hora de preparar o terreno



Na sequência do texto publicado no mês passado, agora vamos nos voltar para as grandes promessas e alicerces do crédito para o futuro. Observamos três grandes motores para o crescimento: bureau positivo, crédito imobiliário, consciência e educação dos agentes.

O primeiro grande passo é a tão esperada criação do cadastro positivo será sem dúvida um marco nesta nossa caminhada. Estima-se que após seis meses da sua implantação, similar a outros países, tenhamos crescimento de 20% nos créditos concedidos. Será? Talvez aqui seja um pouco diferente de outros países, afinal nossa trajetória e até nossa resposta às crises tem sido diferente. Mas será que o cadastro positivo não está muito mais vinculado à qualidade do crédito do que sua real expansão em um primeiro momento? O que importa é que o cadastro positivo traz conhecimento. Não necessariamente uma solução, mas o caminho para um maior controle do risco assumido. Traz oportunidades para melhores modelos de decisão, troca de informações e acima de tudo, um objetivo comum a todos e ao país: sustentabilidade do crédito.

Outro ponto importante é o crescimento do crédito imobiliário, produto que, de forma consistente no mundo, transformou a relação do Crédito/PIB dos países. Esperamos números maiores que os atuais para os próximos anos, mas dependemos de ofertas de produtos imobiliários e de produtos financeiros. E isso, em parte já ocorreu, por isso este primeiro movimento de decolagem.

No entanto, precisamos sempre buscar leis mais adequadas para ambos os lados para que a relação de confiança seja realmente estabelecida e amparada. Precisamos de políticas que nos norteiem para um futuro mais sustentável. Necessitamos ser mais formais, estruturados, sem perder a beleza e criatividade dos brasileiros de forma a aproveitar este momento e a crescente confiança dos investidores estrangeiros para acelerar ainda mais o “nominador” desta formula – o crédito!

Ainda somos o 89º País na relação de Crédito/PIB, será que podemos acreditar que  ainda vamos ser campeões e ultrapassar os atuais, e constantes, top 10 Crédito/PIB no mundo? Ser os “campeões” significa bem mais que volume, significa crédito sustentável e saudável.

Temos quatro anos pra copa, seis para Olimpíadas e todo o futuro para o crédito! A euforia de outros momentos nos alertou para essa próxima etapa. Teremos eleições este ano e mais uma vez acho que podemos acreditar que as estratégias vencedoras do Banco Central não irão ser influenciadas por quem quer que assuma o poder do país. A resolução do BC 3.711 promulgada em abril/2009 e que tem seu calendário de implementação definido e finalizado até outubro de 2010 é a garantia que as regras da nova Basiléia são, de fato, realidade. Os pilares estão sendo edificados garantindo um “fundo de reserva” para nos proteger de catástrofes em relação ao risco que possamos correr. Um planejamento adequado e um ganho de consciência em cada etapa histórica se fazem necessário.

Outro fator que permeia esta campanha pelo patamar de “país desenvolvido” é a crescente conscientização dos agentes deste mercado – sejam pelos tomadores (PF/PJ), sejam os fornecedores (bancos, financeiras, etc). Temos sem dúvida um consumidor mais instruído, que faz contas e prioriza seus empréstimos, além de empresas que fazem orçamentos a médio e longo prazo e não somente até a próxima sucessão do presidente. Por isso, investir em consciência humana, bom ambiente de trabalho e coaching empresarial farão cada dia mais parte de uma crédito sustentável. O comportamento humano está profundamente ligado ao comportamento empresarial. A ânsia por resultados é a mesma ânsia de consumo. Estamos em um ciclo virtuoso de crescimento, um caminho sem volta!

Em 2009, finalmente após Standard & Poors e Fitch Rating, a empresa Moody´s classificou o Risco Brasil como BAA3, ou seja, Investment Grade. Nada inesperado e sim o resultado de um trabalho sério na construção de uma nova economia, aonde a cultura do povo é um dos pilares estratégicos. À medida que essa cultura se desenvolve, ela o faz em todos os aspectos. E se falamos em desenvolvimento e cultura, investir em educação é primordial. A educação forma seres humanos, melhora relacionamentos, desenvolve profissionais, traz sabedoria às instituições e líderes. E o crédito, de novo, é fundamental. Produtos de crédito educacionais crescem a cada dia e impulsionam  cada vez mais o processo de alfabetização dos brasileiros.

Porém, quando refletimos sobre tudo isso, sentimos necessidade de confiar. Isso é muito mais que acreditar, envolve nossas próprias decisões e escolhas. Confiar em nós mesmos, no boca a boca, no exemplo, na abertura da consciência da população.

Seremos capazes de mudar, agir com consciência. Faremos a nossa parte! Podemos abrir mão de desejos de curto prazo em busca de resultados consistentes. Precisamos acreditar que saberemos eleger nossos representantes, que trabalharemos “direito” e motivados, que respeitaremos o próximo e saberemos nos comunicar melhor e mais honestamente a cada dia. Buscar a liderança requer confiança, sabedoria nas decisões, disciplina e motivação! Requer que cada um faça sua parte sem perder o contexto global. Ousar sempre, com equilíbrio e transparência.

Quem sabe, assim, seremos campeões!

Fernando Manfio, fundador e diretor da Witrisk.

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A hora de preparar o terreno



Escrever sobre crédito, sobre a sua importância e desenvolvimento em cada fase evolutiva do país, nunca é demais…. afinal, entendermos o crescimento dos produtos e a abrangência do mercado de consumo no país do futebol, e agora das Olimpíadas, é sempre importante. Teremos quatro anos de expectativas para a próxima Copa do Mundo e em seguida as Olimpíadas, ie, fase de extrema delicadeza em uma país ainda sem infra-estrutura adequada e cheio de vontade para crescer e ser “campeão”… de tudo, se possível.

Quando olhamos para frente e nos motivamos com o que possa vir a ocorrer, imediatamente, junto às expectativas positivas, vêm as preocupações com relação ao que possa “dar errado”. Natural e até saudável, se, não nos perdermos nas preocupações e começarmos a agir! Agir entendendo cada passo a ser tomado para alcançarmos nosso objetivo, refletindo sobre o que ocorreu até agora, onde estamos e utilizarmos o método de “stepwise” para construirmos cada degrau: cada estádio, meio de transporte, comunicação, base de hotéis, indicadores de segurança, recursos humanos na coordenação e gestão, automação, etc.

As coisas, a um nível macro, são similares … o passo a passo de um planejamento tem características comuns e a consciência (conhecimento,visão, motivação)  e a disciplina (foco, concentração, prática), são os maiores guias.

Partimos da observação realista de onde estamos e, para isso,  é sempre valioso refletir rapidamente sobre o nosso crescimento até hoje: os números mostram com clareza e objetividade o que as palavras nem sempre conseguem atingir, estamos crescendo a passos largos, e já faz algum tempo (Nos últimos 6 anos e meio – de Jan/04 até Maio/10 – crescemos à taxa média anual de 27%, quase o dobro se comparado aos 9 anos anteriores a estes – jan/95 à dez/03, quando crescemos 14% e ). Cada ano uma novidade, seja boa ou ruim, e nós seguimos desde a implantação da estabilidade da moeda. Foi o grande diferencial, o grande alicerce para esta fase evolutiva. Ali, mudou-se a história, definitivamente e a cada ano, conseguimos amadurecer ou , no mínimo, perceber onde está nossa imaturidade. O país cresce e se fortalece, o consumidor passa a ter mais recursos de todos os tipos, as instituições se conscientizam e buscam maior sustentabilidade.

O crédito não só amadurece junto com o país como é parte desse motor evolutivo. Realiza sonhos, cria expectativas, desenvolve uma motivação generalizada no consumo. Ao mesmo tempo, traz saudáveis alertas, oportunidades para reflexões e muito, muito trabalho a ser realizado.

Isso por si só já é muito saudável, espetacular! Um mundo de oportunidades se abre para todos os agentes do mercado…  consumidores, assalariados e autônomos, instituições de varejo e financeiras, prestadores de serviços, empresas de tecnologia. Estão todos prontos para crescer, buscar resultados!

O Consumo nos últimos anos têm crescido em uma curva ascendente, impulsionado por um menor desemprego e aumento de renda… são claras as tendências de crescimento!

Com relação às operações de crédito, então…vejamos a clareza das tendências abaixo explicitadas: ou seja, uma curva de  crescimento no crédito muito maior que a velocidade de crescimento do varejo, demonstrando a evolução desses produtos no período pós real.

Inegável, indiscutível a força do crédito!

E com o crédito (recompensa), vem o risco (inadimplência), saudável desafio que nos promove ainda mais a inteligência e faz com que as instituições cresçam e se renovem, que os consumidores se  eduquem e se preparem, que os desenvolvedores de soluções se especializem e o país evolua e seja cada dia mais próximo da liderança, pelo menos em algumas modalidades!

E é essa evolução que o Plano Real trouxe, uma maior estabilização e essa estabilização impulsionou o crédito, sendo os primeiros produtos “campeões” o CDC e o Cheque Especial.

A qualidade do crédito está sempre desafiando empresas e o mercado em geral.  A onda da inadimplência (1995), mesmo que esperada, teve patamares tão elevados e desconhecidos que refreou o crédito e fez o mercado repensar seus produtos e regras.
Na medida que o mercado e os consumidores ficavam mais confiantes que desta vez era “prá valer”, vimos estourar outro produto de crédito – veículos, impulsionado por outra paixão nacional o automóvel. Tínhamos um carro para cada 7,0 habitantes (1994) e 8 anos depois (2006) esta relação estava em 10,4 carros por habitante.

Dez anos após, em setembro de 2004, por meio da Lei nº 10.953, o crédito consignado passou a ser oferecido a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Neste momento, temos outro boom de crédito, impulsionado pela maior segurança destas operações atreladas ao rendimento da população.

O MIX de produtos é comandado por esses 2 produtos: CP e Veículos, mas com crescimento em todos os demais. Quando olhamos o mesmo mix, por concessões, essa realidade muda muito. Auto e CP tem prazos longos e formam carteiras grandes, enquanto Cheque Especial e Cartões  pela natureza rotativa , não.

Estamos num momento de crescimento e estabilização, ao mesmo tempo!A evolução é mais e mais consistente.

Crises, sustos e euforia se juntam para criar ricas oportunidades  para desenvolvimento de novas tecnologias, novos produtos, novos sistemas de gestão, novos profissionais..uma fase de re-estruturação abrangente e completa no mundo de crédito, de processos á inteligência, de concessão à cobrança, da venda à recuperação!

Enfim, tudo e todos se preparam para gerenciar melhor os risco e buscar as recompensas ano a ano!

Fernando Manfio é fundador e diretor da Witrisk

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