Já perdemos as contas de quantas vezes tivemos uma crise política que se refletisse diretamente em nossa economia e sociedade em geral. Neste início de junho, experimentamos mais uma, que fez a Bolsa despencar e o dólar subir. É preciso muita criatividade e força de expansão, para superar esses momentos e investir no desenvolvimento econômico, social e cultural do País.
Claro, que isso não significa que devemos fechar os olhos para as questões políticas. Nosso papel como cidadãos é cobrar atitudes íntegras de quem foi eleito por nós. Mas, com certeza, situações como essas não podem paralisar o crescimento; pelo contrário, devem servir como impulsionadores para que empresas e empresários utilizem todo arrojo para realizarem o trabalho que lhes cabe, independentemente de questões governamentais.
Situações como a queda dos juros, a diminuição de impostos, a estabilidade cambial favoreceriam, e muito, a vida das organizações, principalmente, as pequenas e médias, responsáveis por quase 70% do valor bruto da produção brasileira e cerca de 80% dos postos de trabalho. Um número significativo e que, com certeza, não deve ser desprezado.
Segundo dados sobre a produção industrial brasileira divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em abril, a expectativa de crescimento econômico deste ano relativo ao mercado interno reduziu, apontando que o Brasil busca, cada vez mais, transações com mercados internacionais.
O mesmo pode ser visto pela Pesquisa Indicadores do Sebrae-SP – realizada em parceria com o Seade. O estudo mostra que, apesar dos bons resultados do setor em comparação ao ano anterior, já há demonstrações de desaquecimento da economia. O faturamento real foi 4,8% maior em relação ao mês de abril de 2004, recuo decorrente de fatores, como os contratos de exportação firmados nos últimos meses e o aumento do número de postos de trabalho, fazendo crescer a massa salarial.
Isso tudo mostra que o mercado externo tem sido uma das soluções para evitarmos a retração econômica. Mas por si só, ele não é o bastante para alavancar empresas, girar o capital interno, aquecer vendas e aumentar a produção. O investimento no mercado dentro das nossas fronteiras deve ser ampliado.As ferramentas de marketing e vendas devem estar a serviço de uma gestão capaz de vencer os desafios em bases realistas. Sabemos que muita coisa não podemos mudar, mas é possível concentrar energia, a fim de encontrarmos soluções positivas de desenvolvimento. Afinal, somos famosos pelo nosso empreendedorismo. O que é necessário é ter sempre um plano flexível, que se adapte às mutações constantes do mercado. Quem acreditar na própria capacidade conseguirá! E eu acredito no empresariado brasileiro.
José Zetune([email protected]) é presidente da Direção da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Marketing), da ADVP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Portugal), do IRES (Instituto ADVB de Responsabilidade Social) e da FBM (Fundação Brasileira de Marketing)