Os clientes finais podem passar a contar com novas tecnologias e em segmentos até então com poucos recursos. A promessa é de fornecedores e prestadores de serviços que, como estratégia empresarial, vão centrar esforços comerciais ofertando soluções como telefonia IP (Internet Protocol), unificação de mensagens, CRM através de comunicações web e, a mais recente, convergência de tecnologias. Muitas das soluções, inclusive, serão direcionadas para pequenas e médias empresas, com sistemas adaptados às necessidades da operação.
Entre os maiores fornecedores do mercado, Avaya e Siemens, as ofertas de soluções passam inevitavelmente por telefonia IP com foco em pequenos e médios negócios, no caso da empresa americana. Para a Siemens, o principal desafio tecnológico para 2004 é dar continuidade aos esforços de desenvolvimento do mercado de telefonia IP, em duas frentes: infra-estrutura e aplicações. Quem corre atrás para se posicionar no mercado é a Cisco. A empresa vai investir para ser reconhecida no cenário de soluções de voz, mais especificamente no mercado de PABX e call centers, e quer se posicionar como provedora de soluções em segurança de redes. Nicho, para a companhia, é formado pelas médias empresas. Em âmbito internacional, a Cisco teve em seu ano fiscal de 2003 o mesmo faturamento que em 2002, mas suas ações dobrarem de valor. No Brasil, os principais resultados foram a entrada em novos segmentos com novas tecnologias, como metro ethernet, telefonia, segurança e storage networking, justifica o diretor Ricardo Santos, diretor de Marketing para a América do Sul. “A empresa conquistou principalmente o mercado de médias empresas”, adianta.
O cenário para a Siemens foi positivo ano passado, levando Aluizio Byrro, vice-presidente e diretor-geral de telecomunicações, a afirmar que a Siemens Enterprise Networks teve motivos, de sobra, para comemorar o encerramento de mais um ano comercial, principalmente, quando avaliada a conjuntura do primeiro semestre do ano fiscal. Ele destaca o desenvolvimento local, produção e exportação da família de plataformas de comunicação (PABX) HiPath 1100 para os mercados da Europa, Ásia e América Latina, a partir da fábrica de Curitiba. Ela ampliou a exportação de centrais telefônicas para América Latina, China, Estados Unidos e Europa. Para o mercado interno, a área de telecomunicação vai investir no crescimento de todos os nichos em que atua. A divisão também trabalha para que as empresas ampliem a adoção de infra-estrutura e aplicação de soluções que convergem dados e voz. A orientação estratégica mundial implica na adaptação aos mercados e realinhamento do portfólio (transformação de uma empresa de hardware para software e serviços).
A Avaya, que passou por reestruturação internacional e no mercado local, aposta em soluções de telefonia IP para pequenos e médios negócios, além da oferta de outsourcing de serviços para as grandes corporações. O principal resultado da empresa em 2003 foi a publicação, pelo Ibovespa, que as ações da companhia foram as que mais se valorizaram no ano, no período de janeiro a setembro de 2003, tendo atingido um crescimento de mais de 320%, em dólar. Este ano, a companhia, de acordo com seu presidente Márcio Mattos, vai se focar nos mercados financeiro e governo, além de apostar na estruturação de canais para disseminar sua atuação.
Para a Altitude Software, que também passou por reformulações e ganhou novos investimentos, as ações mercadológicas estarão centradas em ofertas de suas soluções para pequenas e médias empresas. A empresa, fornecedora de soluções para centrais de atendimento, apresentou crescimento de 22% ano passado, fruto da ampliação e fortalecimento da rede de parceiros, atualização tecnológica da base instalada e adotou uma postura mais agressiva na América Latina, de acordo com a diretora geral para a região, Elaine Ferreira. “Conquistamos clientes em segmentos de outsourcing, help desk, telecom, bens de consumo e área financeira”, justifica a executiva. Entre os clientes, Teleperformance, Chiptek e Amanco. Com as novas ações, Elaine espera fechar 2004 com crescimento de 30%.
A estratégia da Damovo do Brasil, que anunciou crescimento de 40% nos negócios ano passado, é ampliar a especialização no setor de serviços e intensificar as parcerias. A empresa firmou novas parcerias e começa o ano de 2004 com a expectativa de grandes negócios, através de alianças com fornecedores de tecnologias do mercado como Ericsson, Cisco, Nortel, Extreme, Juniper. Uma das novidades da é a estratégia para a área de marketing, que passa a ser descentralizada da matriz, com previsão de várias ações locais. “Esta mudança de estratégia visa fortalecer a imagem corporativa da empresa no mercado local”, aposta Arnaldo Curvelo, presidente da Damovo do Brasil.
Um dos maiores integradores do mercado, a Wittel planeja penetrar em segmentos de mercado em que não tem presença consolidada e ampliar ofertas de soluções, em vez de produtos. “Vamos investir em treinamento, contratação de novos profissionais, novo escritório em São Paulo, e provavelmente um novo escritório no Rio de Janeiro”, anuncia Carlos Louro, diretor geral. Como nicho, o empresário prefere apostar na expansão da relação de parceria com clientes. De acordo com Carlos Louro, a Wittel teve crescimento real de 25%, ano passado, com faturamento de R$ 47.9 milhões. “Em 2003 a empresa consolidou-se como um dos principais fornecedores de soluções para contact centers do Brasil. Conquistaram alguns clientes novos, nos mercados financeiro, de telecomunicações e prestadores de serviços de contact centers”, afirma. Implementando soluções de comunicação e relacionamento, ele aposta que a empresa deve crescer os mesmos 25%, e espera atingir a marca de R$ 60 milhões, em faturamento. Com a estabilização da economia e, agora, com perspectiva de crescimento do PIB, ele acredita no “começo do espetáculo de crescimento”.
Expectativa semelhante mantém Mauro Maiuri, diretor geral da STT Telecom. “Os principais resultados foram a manuntenção da base instalada e projetos de otimização e consultoria no mercado”, justifica o empresário que apostou em uma guinada nos negócios, como integrador. Para ele, 2004 deve marcar a retomada gradativa de projetos suspensos. Com isso, espera obter crescimento mínimo de 10%, com faturamento de R$6.5 milhöes. O nicho a ser explorado é serviços de otimização de desempenhho com capacidade instalada crescendo pouco e nas ações de retenção e fidelização de clientes.
No cenário das empresas fornecedores de soluções corporativas (ERPs) e de gestão de relacionamento (CRM), o foco das pequenas e médias empresas continua prevalescendo este ano, com as companhias agregando novidades em suas soluções. No cenário internacional, a PeopleSoft deu um salto ano passado ao adquirir a J.D. Edwards, situando-se como a segunda maior empresa de software empresarial do mundo, com US$ 3 bilhões de faturamento. A combinação da PeopleSoft com a J.D. Edwards proporcionará, já a partir de 2004, de acordo com a empresa, novas oportunidades de negócio no Brasil. Além de atender grandes corporações – o perfil do target da PeopleSoft -, agrega o middle market. “O país continua estratégico nos planos de expansão internacional da PeopleSoft e a empresa focará seus esforços para conquistar a liderança em todos os segmentos em que atua”, divulga. Seu target: empresas de manufatura, distribuição, telecomunicações, serviços financeiros, educação, governo, construção e produtos de consumo.
A maior empresa nacional neste segmento, a catarinense Datasul, apresentou crescimento de 65%, ano passado. Os principais resultados foram a consolidação da nova versão da suite Datasul CRM, o Conector com o ERP e o lançamento do módulo Web Services para disponibilização dos recursos do CRM via web. O planejamento da empresa prevê a habilitação comercial de todas as 30 (trinta) franquias de distribuição e a capacitação de oito equipes de implantação especializadas na solução Datasul CRM. A empresa avisa que vai investir R$ 1,5 milhões em melhoria de produto, certificação CMM e capacitação das franquias de distribuição (integradores). O grande nicho para a Datasul é formado por soluções de mobilidade e portais de relacionamento.
No campo de relacionamento através da web, a DirectTalk apresentou crescimento de 125%. De acordo com o diretor Diego Lopes, gerente de marketing, a empresa teve uma rentabilidade líquida de 18% e um retorno sobre o patrimônio de 55%. Ele comemora que os principais resultados alcançados pela companhia ao longo de 2003 foram o crescimento dos negócios, conquistando 30 novos clientes como Embratel, ATL, Magazine Luiza, Petrobras, Telemar, Porto Seguro, Ponto Frio e Banco de Brasília. “Analisamos as reais necessidades de nossos clientes e a partir daí criamos projetos que podem ser compostos pela nossa Plataforma de atendimento ou mesmo determinados módulos (como o DT Interactive, DT Mail Manager, DT Phone, DT Workflow, DT Mail Marketing)”, explica Diego Lopes. “Este foi o melhor ano desde a criação da empresa.” Para 2004, projeta crescimento de 55% e 20% de rentabilidade.