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É possível ser ético?

Como as empresas estão tratando a matéria ética? Em tempos de revisão dos valores, onde manifestações sociais refletem um mundo que pede mudanças – que vão além do cenário econômico -, as organizações têm como missão rentabilizar o negócio, ao mesmo tempo em que integram a equipe rumo a práticas de consumo mais humanísticas. “Uma empresa que tem por compromisso com a ética, engaja-se de forma voluntária e formalmente com a construção de um ambiente de integridade e confiança no relacionamento com seus diversos públicos: funcionários, clientes, fornecedores e governo.” A afirmação é de Carlos Alberto Netto, diretor da área de gestão de pessoas do Banco do Brasil. Para ele, a perenidade do negócio depende da capacidade de realizar negócios sustentáveis, com retorno positivo para investidores e para a sociedade. “Para o BB, ética não é meio nem fim, mas princípio que permeia todas as práticas. É obrigação de todos, representando o alicerce indispensável e inegociável sobre o qual realizamos negócios, geramos resultados, em suma, cumprimos nossa missão organizacional”, afirma.
Ética faz parte das estratégias da instituição, que credita grande parte da rentabilidade e baixa inadimplência nos negócios à solidificação dos princípios morais construídos dentro da organização. “Acreditamos que rentabilidade e lucro são consequências naturais de um trabalho pleno de significado”, diz Netto. E como enraizar estes valores dentro da companhia? De acordo com Netto, por meio de um código de Ética e Normas de Conduta. “Por meio deles, sistematizados em 2000, o BB reafirmou as regras que regem a atuação de seus funcionários, materializando princípios e deveres fundamentais que devem permear as rotinas internas”, pontua. Com estrutura organizacional específica para tratar de assuntos relacionados a ética, o BB criou também a campanha “Ser Ético é Bom Pra Todos”, cujo ideal é destacar a relevância dos valores na realização de negócios e, no ambiente de trabalho.
Materializar os valores éticos em códigos e comitês é prática que vem chamando a atenção. As companhias estão se dando conta de que a gestão de ética se faz necessária para manter e, aumentar, a vida dos negócios. Reconhecida pela consultoria espanhola, Merco, como a empresa com melhor imagem corporativa, a Natura aposta numa governança sólida para a área da ética. Em 2006 a companhia criou o “Princípios de Relacionamento”, mais tarde traduzido ao mercado como código de ética. No mesmo ano foi criada a ouvidoria e o comitê de ética. A governança passou a existir no momento em que a empresa passou a lidar com situações que não estavam em conformidade com seus próprios valores. “Uma das funções do comitê de ética é justamente deliberar situações de não conformidade aos nossos princípios de relacionamento, garantindo um tratamento igualitário para todas as situações da mesma natureza”, explica Leila Kido, gerente da qualidade das relações de ouvidoria da Natura.
A formação do comitê inclui o vice-presidente de finanças e assuntos institucionais – que o lidera, o vice-presidente de pessoas, o diretor de gestão de pessoas e a ouvidora. Também existem outros possíveis convidados, como o jurídico, auditoria, os gestores de áreas, assim como pessoas envolvidas em uma manifestação também podem ser membros convidados do comitê de ética. “O olhar da ética na verdade é uma premissa do nosso olhar de relações. Então, a questão da evolução da qualidade da relação, para nós, é estratégica e está no nosso planejamento”, pondera Leila. 
VOZ ATIVA
Voltando um pouco no tempo, a L’Oréal foi uma das primeiras companhias na França a criar, em 2000, um Código de Ética Empresarial e a nomear um diretor de Ética do grupo dedicado exclusivamente ao tema. Hoje, ela é uma das “Empresas Mais Éticas do Mundo”, segundo o Instituro Ethisphere, que avalia companhias em 100 países e 36 segmentos. Para promover os padrões estabelecidos, o Código regula todas as relações e atividades da empresa com base em três pilares: respeito às pessoas, respeito às leis e respeito aos costumes locais. “A função de ética na L’Oréal é extremamente importante. Todo esforço visa garantir que a marca tenha a cultura ética de que necessita para o crescimento de seus negócios”, explica Rosmari Capra-Sales, correspondente de ética da L’Oréal Brasil, acrescentando que a empresa está fazendo grande progresso na sensibilização para as questões éticas por meio de reuniões dos comitês e cursos de formação.
Dentro as ações para implementar a ética, a mais nova iniciativa da L’Oréal para ouvir os funcionários é a Voz Ativa, canal exclusivo para receber denúncias sobre a ética na empresa de forma confidencial. “O objetivo do canal é construir um ambiente ainda melhor, pautado pelos valores que guiam a forma de trabalhar e que são a base da reputação do Grupo”, explica Rosmari.  As denúncias podem ser feitas por meio de uma linha telefônica gratuita ou por meio do site de uma empresa externa contratada para recebê-las de maneira imparcial. “Considerando que um dos mais importantes valores éticos é a transparência, o aumento de questionamentos e dúvidas demonstra uma melhora significativa na gestão dos negócios. Atualmente, os colaboradores têm conhecimento de que há um Código de Conduta Ética, que existem políticas específicas, que se realizam treinamentos e que há um canal para denúncias onde ele pode exprimir suas dúvidas e problemas éticos”, evidencia a correspondente.
Seja pelo amadurecimento das estratégias, seja pela necessidade imposta de forma indireta pelos clientes, o cenário aponta que a gestão da ética vem ganhando aos poucos mais espaço. De maneira estratégica, algo que parecia ser intangível, toma forma. Rentabilizar a qualquer custo o negócio já não é a solução.

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