Em meio à intensa crise política que o Brasil enfrenta, é interessante ver a postura madura e coerente do empresário brasileiro. Não transborda otimismo – claro, afinal o momento é incerto -, mas busca de todas as formas não paralisar o País e investir com criatividade no nosso desenvolvimento econômico, quer seja, pela expansão do mercado interno, como das transações internacionais.
O caminho percorrido é aquele que une ponderação com criatividade. Ser arrojado hoje em dia é essencial, e essa característica tem sido visível em nossos empreendedores. Isso tudo só mostra uma coisa: o brasileiro consegue tirar “leite de pedra”. Porém, a pedra precisa ser fornecida e ela está encoberta pelos altos juros, altas taxas tributárias, instabilidade cambial, falta de infra-estrutura, que faz com que qualquer ação de investimento e expansão se torne mais difícil. A criatividade depende do conhecimento e apesar de termos a nossa disposição um número infinito de ferramentas que nos forneçam isso, transformá-la a em algo concreto, requer recursos e é aí que a coisa emperra.
A afirmação não é aleatória: alguns dados comprovam isso, como o do ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial), divulgado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) neste mês. Segundo ele, a confiança do empresariado nacional na economia brasileira está na casa dos 50,7 pontos. O índice vai de 0 a 100 e a linha que separa confiança e desconfiança é 50. Em janeiro o indicador estava em 64,9 pontos.
Por outro lado, houve queda no nível de endividamento e melhora no desempenho das grandes empresas, como pode ser comprovado pelo estudo do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Além do Brasil subir duas posições no ranking mundial de competitividade, conforme o IMD (International Institute for Management Development), um dos mais reconhecidos do mundo. A classificação de 2005 apresenta a economia brasileira como a 51ª mais competitiva do mundo; no ano passado, estávamos em 53º.
A constatação é simples: as crises sempre revelaram grandes descobertas e talentos; afinal, elas são o alimento da evolução. É neste contexto que, dentro das empresas entram em ação as áreas de marketing e vendas, já que elas são as responsáveis por traçar uma trajetória, um caminho que será percorrido, sempre tendo em vista as mudanças e os processos de transição do momento.
É comum ouvirmos dizer que, além de estar na era da informação, ingressamos na era da emoção. Esse é o perfil do mercado e dos consumidores em geral. O que eles buscam são produtos e serviços que proporcionem bem estar e qualidade de vida. Em momentos de crise como o que vivemos hoje, isso se torna ainda mais latente, o público em geral precisa se sentir acolhido e acima de tudo, seguro.
Mas, acredito que nossas lideranças empresariais têm entendido esse processo e mostrado claramente por meio de ações mercadológicas, que envolvem a força do marketing, das vendas e claro, da responsabilidade social. Aliás, a gestão do século XXI não existirá se não houver a consciência social. E isso não significa fazer a parte do governo, porque seria fácil, principalmente quando nossas lideranças políticas se esquecem qual é o seu papel. Mas, assumir sua parcela no desenvolvimento, que muitas vezes traz sacrifícios e perdas para uma população, que como a nossa é carente educacional e cultural.
Mas, confio nesse empresário ético, com visão e estratégico, que não deixa frouxa as rédeas de uma nação que, nas atuais circunstâncias, depende e muito da sua direção. Só com um trabalho focalizado no maior, em benefício de todos, e não só centralizado no lucro rápido, que poderemos superar nossas crises. Porque depois dessa, virão outras, sem sombra de dúvida, pois sem elas não há como atingir o crescimento.
José Zetune é presidente da Direção da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Marketing), da ADVP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Portugal), do IRES (Instituto ADVB de Responsabilidade Social) e da FBM (Fundação Brasileira de Marketing).