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Face to face: lembranças do passado



Hoje, com U$ 200,00 você pode ter memória digital suficiente para armazenar tudo o que você já leu ou ouviu durante a sua vida. Talvez com U$ 2.000, você possa ter algo capaz de armazenar diversos vídeos por dia, registro com as pessoas que você conheceu, paisagens e lugares que visitou. Em 2020, você será capaz de fazer isso com um décimo desse valor, e em 2030 provavelmente com 1%.

Pense sobre como será daqui a duas gerações, quando seus netos forem capazes de rever a sua vida desde a juventude até a morte, ouvindo você falar, vendo seus amigos e seus antepassados. Eles podem assustar-se com quanto sua perspectiva era estranha sobre algumas questões sociais.

Esta é a mensagem presente no livro de Gordon Bell e Jim Gemmell: “Total Recall: How the E-Memory Revolution Will Change Everything”. As tecnologias que prevêem este tipo de “Total Recall” da vida de uma pessoa já estão começando a aparecer em cena. Gemmell, por exemplo, usa um dispositivo para gravar vídeo e áudio constantemente. Ele mantém todos os e-mails e atividades online, incluindo os registros das páginas da Web que vê.

Viktor Mayer-Schonberger, autor de “Delete: The Virtue of Forgetting in the Digital Age, lamenta o fato de que se tornou mais fácil armazenar dados digitais ao invés de excluí-los. Ele argumenta que o que estamos presenciando é “a morte do “esquecimento”. “Enquanto “lembranças” têm suas vantagens, muito disso pode levar a conseqüências terríveis”.

Mayer-Schonberger sugere que o “esquecimento” é uma maneira de manter a nossa saúde mental. Um teste dessa hipótese pode ser encontrado no caso de uma mulher de 41 anos que perdeu a capacidade de “esquecer”. Desde que “AJ” tinha 11 anos, ela se lembra de tudo que ocorreu em sua vida nos mínimos detalhes. “AJ” lembra o que ela comeu no café da manhã todos os dias; o que ela e uma amiga conversaram há 20 anos; e o que aconteceu em cada episódio de televisão que ela já assistiu. Porém, ao invés de ser algo benéfico, isso fazia com que “AJ” ficasse, literalmente, louca.  “Em vez de proporcionar a AJ facilidades, sua memória restringiu sua capacidade de decisão e desenvolvimento. Eles se sentem acorrentados por seu passado sempre presente, tanto que limita suas vidas diárias, limita suas capacidades de tomada de decisão, bem como a de criar laços estreitos com aqueles que se lembram de menos.”

Ele sugere que o tipo mais racional de memória eletrônica seria aquele em que o usuário ou criador das informações pudesse definir uma duração fixa de armazenamento das informações, sendo que após este tempo, elas seriam excluídas automaticamente. Isso é muito mais fácil sugerir do que implementar, porque uma vez que a informação vai para a internet ela pode tomar diferentes caminhos.

Esse conflito, entre o armazenamento da informação e a exclusão dela, é interessante e oportuno, porque estamos vivendo uma transição tecnológica, isto é, com dispositivos móveis que gravam e armazenam grandes quantidades de dados, e uma sociedade que experimenta os benefícios da migração online pela maioria de suas operações e funções. Assim, a questão é susceptível a ganhar foco num futuro muito próximo. Mas me desculpe, nós nos esquecemos onde estávamos indo com o argumento.

Don Peppers and Martha Rogers Ph.D. , fundadores do Peppers & Rogers Group

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