Inovações, com mause do e-commerce

O crescimento do comércio eletrônico no Brasil vem confirmando as previsões mais otimistas. O faturamento do varejo on-line já superou os R$ 4 bilhões. Cresceu mais de 50% no ano passado. O número de “e-compradores” passou dos 7 milhões, considerando apenas as pessoas físicas. No entanto, ainda há muito espaço para crescer. Esse total representa apenas uma fração dos 45 milhões de pessoas com acesso à internet existentes no País. É aí que entram algumas tendências que permitem encarar com otimismo o futuro.
 
Estão ganhando corpo algumas inovações no comércio eletrônico. Elas certamente indicam que passamos por um período importante para a evolução dos negócios on-line no País. Essas mudanças, além do mais, se unem a passos decisivos para a inclusão das pessoas com menor renda no grupo de compradores pela internet – o que poderá levar o crescimento do faturamento dos negócios on-line a um patamar ainda maior do que o padrão de 50% ao ano alcançado nos últimos anos.
 
A primeira dessas inovações é a oferta de novas ferramentas de financiamento para os compradores. Até a pouco, as possibilidades de pagamento estavam restritas ao uso de cartões de crédito (81% das compras na internet, historicamente, são pagas com cartões) ou de sistemas arcaicos, especialmente o pagamento com boleto bancário. Ocorre que as pessoas de menor renda não têm cartão de crédito, na maioria das vezes. E a opção do boleto, quase sempre, implica em pagamento à vista, de longe a forma menos usual para aquisição de bens em nossa sociedade, sobretudo para pessoas com pequena renda.
 
Várias novas formas de pagamento estão sendo introduzidas, permitindo a oferta de financiamentos com prazo maior, desejado por esse mercado. Nas grandes lojas de varejo on-line, é possível hoje adquirir bens duráveis em até 24 vezes, com juros de cerca de 1% ao mês. Embora seja criticada por especialistas em finanças domésticas, essa é a forma preferida, por ser a única viável para aquisições desta natureza por pessoas com menor poder aquisitivo. Lojas líderes do segmento têm cartões de financiamento próprios e ditam a tendência para lançamentos semelhantes por outras organizações do setor.
 
Outra inovação é a inclusão de meios on-line de autenticação de compradores na internet, por meio de senha. O pioneiro nesse campo foi o HSBC, que no final do ano passado lançou a plataforma M-Cash de pagamento por meio do celular, usando o comércio eletrônico como canal inicial para apresentar a novidade ao mercado. Com ele, as lojas de varejo on-line e bancos emissores podem, de forma descomplicada e muito rápida, validar por senha, através de linha celular, a identidade do comprador e, com isso, aprovar aquisições com segurança e agilidade.
 
Isso é feito em tempo real e a transação dura menos que 30 segundos. O potencial de inclusão desta plataforma é muito expressivo, na medida em que há mais de 100 milhões de celulares distribuídos pelo Brasil, muito mais que o total de cartões de crédito ou débito existentes.
 
Trata-se de duas grandes inovações, que ajudam a ampliar o universo de compradores on-line. Combinadas, podem potencializar o seu efeito. É possível imaginar cartões de financiamento autorizando compras com segurança pelo celular. Isso ampliará o potencial de crédito a ser ofertado e reduzirá o custo operacional do financiamento, diante da diminuição do potencial de perdas por fraude.
 
Temos assim, claramente, um novo cenário ainda mais otimista para os negócios eletrônicos no Brasil. Vamos chegar a mais de 10 milhões de e-compradores no decorrer do ano, aumentando a velocidade de crescimento deste indicador, estagnado em 30% nos últimos três anos. A convergência de tecnologias e plataformas de concessão de crédito manterão e ampliarão o crescimento do negócio no Brasil, ao contrário do que muitos pensavam. Definitivamente, estamos longe de atingir o nível de estagnação do nosso mercado on-line.
 
Gastão Mattos é sócio da GMattos Projetos de Marketing e presidente da M-Cash

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