Uma delas vem na forma de comercialização, com o comércio eletrônico sendo concorrente ou complementar ao varejo tradicional. No entanto, ele transformar em seu competidor uma empresa localizada em qualquer parte do Brasil ou do mundo. Também temos o lançamento de bens mais sofisticados e complexos que exigem a constante atualização dos vendedores e as mudanças nos meios de pagamento, obrigando o varejista a oferecer mais alternativas aos consumidores. Há as mudanças no perfil dos consumidores, com o ingresso de mais de 30 milhões de pessoas, antes marginalizadas, ao mercado, com hábitos e experiências de vida que, em grande parte, ainda não são devidamente conhecidos pelo varejo. Outra mudança importante está no “ambiente institucional”, com mais regulamentação e restrições à atividade comercial, e no “ambiente econômico”, com maior expansão do crédito, crescimento no mercado de trabalho e diferenças regionais de desempenho.
Essas e outras mudanças representam riscos e oportunidades. Para aproveitar as oportunidades, é preciso estar sempre bem informado e com a mente aberta para aceitar as mudanças e coragem de mudar quando necessário. O desafio atinge a todos os varejistas, independente de seu ramo ou porte. Mesmo os micro e pequenos varejistas precisam estar atentos ao que ocorre no mercado e, de acordo com suas possibilidades, procurar acompanhar as novas tendências e inovar para se manter competitivo.
Para poder acompanhar as mudanças e enfrentar os desafios os empresários precisam manter-se sempre bem informados sobre a economia, a legislação que pode impactar sua atividade, os fatos e atos que influenciam seu ramo de negócio, a evolução do mercado e as alterações nos hábitos dos consumidores. Sempre que possível, o empresário deve frequentar reuniões, palestras e seminários sobre temas relacionados à economia ou à sua atividade, participar de entidades de classe, conversar com outros empresários, inclusive concorrentes. Procurar acompanhar o noticiário econômico e, quando necessário, recorrer a órgãos de apoio, como o Sebrae, ou a consultores.
Além de atento ás mudanças estruturais, é preciso acompanhar as variações da conjuntura, seja em decorrência de fatores internos ou, como no momento, externos. Após um período de forte crescimento das vendas a partir do segundo semestre de 2009, observa-se uma desaceleração no movimento do varejo, como reflexo de medidas adotadas pelo Banco Central para tentar conter a inflação. O agravamento da crise internacional, no entanto, levou o Copom a começar a reduzir os juros, para evitar que a desaceleração se aprofunde, mas, mesmo assim, é preciso ficar atento a possível reflexo da situação externa sobre a economia brasileira. É preciso cautela para minimizar os riscos, mas combinada com coragem para aproveitar oportunidades.
Marcel Domingos Solimeo é economista-chefe e superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo.