Que in put é esse, companheiro?


Durante o mês passado tive várias experiências semelhantes de conviver com pessoas que, recebendo o mesmo subsídio de informação, propuseram ações completamente diferentes. Não há nada de errado com isso. Todos tomamos decisões a partir da nossa forma de aprendizagem. É evidente que esse tipo de conhecimento é importante para um profissional de Inteligência de Mercado (IM), uma vez que o cliente interno pode interpretar as informações recebidas de uma maneira diferente da que originalmente esperávamos.

A tomada de decisão é um processo cognitivo de seleção do curso de ação entre possíveis alternativas. Cada processo de decisão conduz a uma escolha final, que pode ser uma ação propriamente dita ou uma opinião. A tomada de decisão estruturada é uma parte importante de todas as profissões de base científica, onde especialistas aplicam seu conhecimento de um determinado domínio para tomar decisões informadas. Se você tomar a medicina, por exemplo, observará procedimentos razoavelmente padronizados de diagnóstico e seleção de tratamentos, com base no conhecimento e experiência do médico. E o exemplo é ótimo: se você já experimentou consultar outro médico para ter a “segunda opinião” sabe do que estou falando. A chance de você sair da consulta com uma decisão diferente da primeira pode ser bastante grande!

Algumas pesquisas mostram ainda que, quando especialistas estão submetidos à intensa pressão ou grandes ambigüidades, eles podem tomar decisões intuitivas ao invés de estruturadas. Esse tipo de tomada de decisões é uma das que mais diferencia pessoas experientes, uma vez que elas dispõem de um conjunto mais amplo de situações vividas, onde a situação atual se encaixa melhor. Essa forma de tomada de decisão pode ser tomada inclusive no ambiente corporativo, a partir da pressão de chefes ou pares, e neste caso as informações organizadas por Inteligência de Mercado pouco podem ajudar.

Recentemente, uma pesquisa conduzida pela Fundação Dom Cabral e liderada pela professora Betânia Tanure mostrou que a tomada de decisão é um fardo pesado a carregar. Na pesquisa, cerca de quatrocentos altos executivos brasileiros apontaram algumas de suas maiores falhas e aproximadamente 40% apontaram como tipo de erro mais freqüente o processo de tomada de decisão. Essa questão foi aprofundada na pesquisa e os executivos apontaram a não consideração de todas as variáveis como a maior causa dos erros. Note neste exemplo que, quando formalmente perguntados, os executivos apresentam um processo totalmente estruturado de tomada de decisão. E aqui reforçam a importância de áreas como IM para o sucesso da empresa.

É importante que você procure compreender, pelo menos em grandes linhas, o estilo de tomada de decisão dos seus clientes internos. Há várias abordagens nesse sentido. A psicóloga Isabel Briggs Meyers desenvolveu uma escala de estilos pessoais, implementada através de um teste conhecido pela sigla MBTI (“Myers-Briggs Type Indicator”). Nessa escala, quatro dimensões bipolares descrevem estilos pessoais: pensador ou emotivo; extrovertido ou introvertido; perceptivo ou julgador; sensitivo ou intuitivo. As combinações dessas quatro dimensões produzem dezesseis “tipos” de pessoas. Você pode encontrar um bocado mais sobre o MBTI e outros testes na Internet, mas o importante é saber que você pode tentar compreender um pouco melhor as pessoas para conseguir influenciar as decisões que serão tomadas em sua empresa de uma maneira mais eficaz. Mãos à obra!

Leonardo Vieiralves Azevedo é presidente da WG Systems, tecnologia para tomada de decisão. E-mail: [email protected]

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