IA sem governança não escala e, pior, cria riscos concretos para o negócio
Autor: Renan Salinas
A inteligência artificial está redesenhando setores inteiros e abrindo novas oportunidades de negócios. No entanto, sem governança de dados sólida, essa transformação pode rapidamente se tornar um passivo.
Embora esteja em evolução, um levantamento da Workiva expõe falhas estruturais preocupantes na forma como as empresas estão implementando a tecnologia. O estudo global, realizado com 2.300 profissionais de finanças, sustentabilidade, auditoria e riscos, aponta para problemas relacionados à qualidade dos dados, à governança da IA e ao treinamento específico dos colaboradores.
O ano de 2025 consolidou um marco na maturidade digital das organizações. Depois do salto acelerado da adoção de inteligência artificial nos anos anteriores, muitas empresas entraram em 2025 com um acervo crescente de soluções, modelos e agentes inteligentes espalhados por suas áreas. Foi o momento em que a empolgação inicial deu lugar a uma constatação incontornável: IA sem governança não escala e, pior, cria riscos concretos para o negócio.
Ao mesmo tempo, ficou evidente outra verdade: as organizações que adotaram IA com método, com política, arquitetura, critérios de uso e alinhamento estratégico – transformaram essa tecnologia em vantagem competitiva real. 2025 mostrou que não é a IA em si que cria valor, e sim a forma como ela é organizada.
O despertar corporativo: quando a ausência de governança se tornou visível
A expansão acelerada de ferramentas de IA trouxe benefícios imediatos, mas também gerou um ambiente caótico em muitas empresas: modelos sendo utilizados sem critérios claros; agentes autônomos integrando-se a sistemas críticos sem supervisão adequada; dados sensíveis sendo compartilhados sem análise de impacto;decisões automatizadas sem rastreabilidade.
O resultado foi um conjunto de riscos que emergiram de forma contundente em 2025, como:
– Riscos de conformidade, onde organizações passaram a enfrentar questionamentos regulatórios, desde proteção de dados até diretrizes de IA responsável.
– Riscos reputacionais com respostas incorretas, vieses e decisões automatizadas sem explicabilidade chegaram à mídia e mostraram que falhas amplificadas pela IA têm impacto multiplicado.
– Riscos operacionais onde sistemas automatizados sem supervisão criaram gargalos inesperados, interrupções de processos e falhas em cadeia.
– Riscos estratégicos com equipes adotando soluções desalinhadas com a estratégia da empresa, criando um mosaico de iniciativas desconectadas e ineficientes.
O que antes parecia “inovação rápida” tornou-se, de repente, um ambiente de alto risco.
Enquanto algumas organizações lidavam com crises e retrabalho, outras prosperaram. O diferencial não estava na tecnologia, mas na forma de implementá-la.
Através de governança clara que definiram diretrizes sobre o que pode ser automatizado, como deve ser feito e quais responsabilidades humanas permanecem. No mapeamento de riscos, testando modelos, documentando decisões e implementando camadas de segurança e auditoria. Com isso construíram um “sistema operacional de IA” padronizando dados, ferramentas, integrações e modelos para garantir consistência e escalabilidade.
As empresas que aplicaram governança e método aos seus sistemas de IA experimentaram ganhos tangíveis em seus processos, reduziram erros e maior agilidade. Em outras palavras: a governança não diminuiu a velocidade — ela permitiu que a velocidade fosse sustentável.
A lição de 2025 para o futuro: IA sem método é custo; IA com método é vantagem
A maturidade alcançada em 2025 revelou um padrão claro:IA sem governança aumenta riscos, custos e complexidade. O que define a diferença entre caos e vantagem estratégica não é o tamanho do investimento, mas a qualidade da estrutura.
Em um cenário onde agentes autônomos, modelos multi-instrumentos e sistemas de decisão automatizada já fazem parte da rotina corporativa, a pergunta deixou de ser “como usar IA?” e passou a ser:
“Como garantir que a IA opere com segurança, coerência e alinhamento estratégico?”
As empresas que responderam a essa pergunta em 2025 deram um salto à frente. 2025 marcou o fim da ingenuidade digital e entramos na era da IA profissional, onde método, governança e arquitetura são tão importantes quanto o modelo mais avançado.
E essa será a linha divisória entre as empresas que prosperarão na próxima década e as que ficarão para trás.
Renan Salinas é CEO da Yank Solutions.





















